A UCID criticou esta manhã os dados estatísticos que apontam para uma redução da pobreza global e da pobreza extrema em Cabo Verde do primeiro para o segundo trimestre deste ano, tendo o seu presidente colocado dúvidas sobre as medidas estruturantes tomadas pelo Governo para suportar esse decréscimo. O presidente desse partido lembra que o Executivo não tem feito ajustes salariais para melhorar o poder de compra dos trabalhadores, os pensionistas do regime não contributivo não foram contemolados com um aumento exponencioal das suas pensões de sobrevivência, enquanto os do regime contributivo recebem uma pensão abaixo do salário mínimo, pelo que pergunta onde estão as razões da tal redução da pobreza.
“Importa referenciar que o vlor da pensão de sobrevivência atribuído aos 23 mil beneficiários do Regime não Contributivo a nível nacional não lhes permite ter acesso aos recursos e serviços básicos para uma sobrevivência digna como alimentação, educação, saúde, saneamento, água e energia eléctrica”, descreve João Santos Luís, que se recorre de outros dados que, na sua perspectiva, revelam a realidade social existente no país. Neste sentido, lembra a taxa de inflação teve uma média de 7.9% em 2022 e de 6,8% até junho deste ano.
Mesmo registando esta ligeira melhoria na inflação, diz o líder da UCID, os preços dos produtos e serviços continuam a um nível insustentável para as famílias cabo-verdianas, com a consequente fragilidade do poder de compra e um alto custo de vida. João Luís recorre-se ainda ao Relatório do Estado da Economia Cabo-verdiana publicado pelo Banco de Cabo Verde que indica que o país contiua com uma alta dívida pública, o equivalente a 145,3% do seu Produto Interno Bruto. Diz, no entanto, que houve um crescimento económico exponencial em 2022, de 17.7%, em relação aos 6,8% de 2021, mas que não teve impactos na vida quotidiana dos cabo-verdianos. Esse crescimento, afirma, serviu apenas para reduzir a dívida pública.
A UCID, segundo o presidente, conhece também a realidade social das ilhas e salienta que os dados estatísticos sobre a problemática da pobreza não podem ser produzidos para dar satifação ao Governo. É que, volta a frisar, o Executivo não tem implementado medidas eficazes capazes de estagnar a pobreza global. Pelo contrário, diz, tem havido o aumento das despesas públicas e a redução do orçamento de ministérios fundamentais como os da Agricultura e da Saúde, o que impacta na produção agrícola.
Por isso desafia o poder central a se aproximar mais das autarquias, sem ver a cor política, e que juntos actuem sobre a pobreza principalmente nas ilhas com percentagem acima da média. Recorre aos dados do Instituto Nacional de Estatística para revelar as ilhas mais afectadas pela pobreza: São Nicolau (28,65), Boavista (28,6%), Maio (38,8%), Fogo (27,9%) e Brava (36,4%), que estão acima da média nacional, que é de 22,2% da população.No que concerne a Pobreza Extrema, as ilhas de São Nicolau (14,8%), Maio (11,5%), Santiago (10%), Fogo (14,6%) e Brava (12,1%), estão igualmente ultrapassam a média nacional que é de 9,4 por cento.
O presidente da UCID diz que ouviu com espanto a divulgação dos dados da redução da pobreza no segundo trimestre de 2023 e enfatiza que é desejo de todo o país que haja uma diminuição dos pobres. Afirma, no entanto, que isso não pode ser conseguido a toque de caixa.
Os dados partilhados pelo INE relativos a pobreza do Inquérito às Despesas e Receitas Famílias (IV IDRF) indicam que houve uma redução do primeiro para o segundo trimestre, tendo a pobreza global passado dos 22,2% para 20,2%, enquanto a pobreza extrema passou dos 11,8 para 9,4%, uma redução de 2,4 pontos percentuais.