A UCID desafia o governo a repensar a sua visão da Economia Azul e que a Universidade Técnica do Atlântico assuma a liderança do sector por forma a começar a formar pessoas para as áreas necessárias e identificar as necessidades. A deputada Zilda Oliveira, que falava à imprensa no Mindelo âmbito da visita de círculo dos democratas-cristãos focado nas instituições ligadas ao mar, afirma que foram criadas várias instituições a operar apenas com orçamento de funcionamento, faltam quadros e uma política clara para fazer com que a economia azul seja de facto um dos principais vectores do desenvolvimento da economia marítima de Cabo Verde.
Os deputados da UCID visitaram a Cabnave, a Zona Economia Especial Marítima de São Vicente (ZEEMSV), a Escola do Mar (EMAR), o Instituto Marítimo (IMAR), a UTA e Associação dos Armadores de Pescas. Nos Estaleiros Navais, diz Zilda Oliveira, os principais desafios identificados são a nível dos recursos humanos. “Cerca de 40% estão na pré-reforma. Há preocupação não apenas com as condições de trabalho, mas com am melhoria da condição de vida dos colaboradores. A plataforma de decolagem apresenta um elevado nível de degradação, exigindo por isso avultados investimentos”.
Segundo esta eleita nacional, a Administração já apresentou à tutela um draft final do estudo de viabilidade e o plano estratégico para a reabilitação dos Estaleiros da Cabnave. Lembra no entanto que inicialmente falou-se na sua deslocalização, mas agora, ao que parece, o Governo irá investir na sua reabilitação. “Mas é do conhecimento público que a empresa está na lista das privatizações, logo é preciso esclarecer os cabo-verdianos sobre o futuro dos Estaleiros Navais.”
Relativamente ao ZEEMSV, pontua, foi criada prevendo um forte impacto na economia nacional, mas os resultados ainda não são sentidos. “Funciona apenas com um orçamento de funcionamento, onde 80% do subsidio do Estado é gasto com o pessoal”, defende, dizendo que a opção do governo pela transformação do país numa plataforma marítima e logística internacional deve passar não apenas pela criação da zona especial mas por sua efetiva implementação, dotando-a de condições de funcionamento.
Na mesma lógica, prossegue, foi criado o Campus do Mar – UTA, EMAR E IMAR – para dotar Cabo Verde de recursos humanos qualificados nos diversos domínios da economia azul. No entanto, o que se vê é uma défice de recursos financeiros para concretizar este propósito. No caso da UTA, exemplifica, 80% do seu orçamento é para cobrir os salários, ficando 20% para a aquisição de bens e serviços. Mas há também um défice de recursos humanos, em especial de docentes para a área marítima. “Estes desafios limitam o desenvolvimento e a consolidação da UTA. Limitam os pilares essenciais como a investigação e a extensão universitária. A infra-estrutura que a acolhe o Isecmar é antiga e necessita de remodelação, para não dizer inovação. Precisam de financiamento para os laboratórios”.
A estes a deputada junta ainda a questão da residência universitária que, do seu ponto de vista, limita o crescimento e a consequente internacionalização da UTA, já que condiciona a sua capacidade para receber estudantes de outras ilhas e dos Palops. Aponta, por outro lado, o número significativo de alunos que abandonam a instituição por questões financeiras. “É preciso rever a questão das bolsas. É necessário repensar o modelo de financiamento do Ensino Superior no país. Pensamos que assumir a economia azul como motor de desenvolvimento exige uma mudança de visão do Campus do Mar.”
Estas são de entre outras as reivindicações que a UCID vai levar ao parlamento para o debate sobre questões de politica interna e externa sobre o tema “A Economia Sul como um dos principais vetores do desenvolvimento da economia marítima de Cabo Verde”. Para Zilda Oliveira, o Governo tem falado muito sobre a economia azul, mas o investimento feito é ainda muito incipiente. “Não há como potenciar o desenvolvimento da Zona Económica Especial Marítima apenas com investimento de funcionamento. É preciso repensar a visão daquilo que deve ser a economia azul mais ligadas à universidade.”
Basicamente, diz, até agora foram criadas várias de instituições e nomeados muitos administradores, mas não se vê nada de concreto, sublinha. Lembra que quando se criou o ZEEMSV, conforme o Governo, o objetivo era que o impacto fosse a nível da criação e emprego, do desenvolvimento industrial, aumento da exportação, crescimento do PIB, desenvolvimento do setor privado nacional, diversificação do crescimento económico e internacionalização da economia. Paralelamente, havia um conjunto de projetos associados, nomeadamente a zona de Saragarça, o Porto Grande, o bunkering, entre outros.