UCID acusa Governo de não fazer uma “aposta séria” na agricultura em Cabo Verde

A UCID acusou o Governo de não fazer uma aposta séria na agricultura, na antevisão da Sessão Ordinária da Assembleia Nacional que vai acontecer nos dias 12 a 14, em que vão interpelar o Executivo sobre a campanha agrícola 2023/24. Zilda Oliveira justifica a posição dos democratas-cristãos dizendo que, não obstante a escassez de água em algumas ilhas há a possibilidade de captação de água subterrânea necessitando para isso de investimentos.

Zilda Oliveira, que falava à imprensa esta manhã na cidade do Mindelo, começou por contextualizar a sua afirmação, dizendo que Cabo Verde é um país com escassas reservas de água com uma estação das chuvas que dura apenas três meses caraterizado por chuvas irregulares e secas cíclicas. “Esta caraterização mostra a necessidade de maior valorização e investimento do setor primário, mormente a agricultura, e subsequente potencialização da indústria transformadora, visando o aumento de produção de riquezas e a consequente melhoria de qualidade de vida das pessoas, tanto no meio rural como urbano. É necessário repensar e reorientar a produção agrícola”, declarou.

A deputada alega que têm sido anunciados vários projectos de dessalinização com vista à disponibilização de água para a agricultura em ilhas e localidades com potencial agrícola e cuja produção é condicionada pela falta deste bem essencial, nomeadamente em Santiago, Fogo, Santo Antão, Sal e São Vicente. Cita, a título do exemplo, o caso da ilha do Fogo, tornado público recentemente pela UCID, onde a empresa Água Brava enfrenta dificuldades para mobilizar e para disponibilizar água para rega, a baixo custo, afetando os agricultores da zona norte da ilha, necessitando a empresa de investimentos e apoios do governo nesse sentido.

O Governo não tem feito uma aposta séria na agricultura, pois, não obstante a escassez de água em algumas ilhas há a possibilidade de captação de água subterrânea necessitando para tal de investimentos. Também é necessário incentivar a aposta em outras tecnologias produtivas como hidroponia, aeroponia, que ainda é residual, sendo as iniciativas essencialmente privadas, sublinha, chamando ainda a atenção para a necessidade de investir em centros de conservação e transformação para resolver o problema dos excedentes. 

No capítulo perguntas ao Governo, a UCID vai confrontar o Governo sobre a situação no Fogo, Santo Antão, São Vicente e sobre algumas infraestruturas ligadas à saúde, e outros anunciadas e que ainda aguardam o início ou a data de conclusão. Concorda ainda com os quatro diplomas que vão ser discutidos e para os quais pretende levar a sua contribuição: projeto de Lei que define as condições de atribuição, aquisição, perda e reaquisição da nacionalidade cabo-verdiana (Votação na Especialidade); projeto de Lei que aprova o novo Estatuto dos Municípios (Discussão na Generalidade e Especialidade); proposta de Lei que define as condições de atribuição, aquisição, perda e reaquisição da nacionalidade cabo- verdiana (Votação na Especialidade) e proposta de Lei que estabelece as bases do orçamento municipal (votação na Especialidade).

Questionada sobre o desempenho do Governo na área da infra-estruturação Zilda Oliveira respondeu que há muitas infraestruturas que foram integradas no Orçamento do Estado, que sequer foram iniciadas. Este é, aliás, um dos aspectos que a UCID vai confrontar o Poder Central. Cita, em jeito de exemplo, o Centro de Saúde de São Vicente, que constou do OE 2022 e voltou a aparecer no de 2023, entretanto as obras nunca arrancaram. Igualmente o Ambulatório do Hospital Baptista de Sousa, cujo prazo de execução foi extrapolado. “São obras que consideramos importantes para a qualidade da saúde prestada na ilha de São Vicente e que continuam em promessas”, remata. 

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