A UCID, através do seu líder regional, acusou o edil da Câmara Municipal de São Vicente de abandonar a gestão da ilha, transformando-se num num presidente para discursos de abertura de eventos oficiais. Jorge Fonseca reagia às declarações de Augusto Neves, que considerou ridículo a UCID falar de obras em atraso após chumbar dois orçamentos municipais.
O político começou por acusar o autarca mindelense de assumir uma atitude fútil e de desinformação aos munícipes quando estes procurar a Câmara para resolverem os seus assuntos, afirmando que a autarquia não tem dinheiro e a culpa é da UCID, sendo ele o principal responsável pelo chumbo do orçamento e do plano de atividades para 2024 devido a falta de transparência e capacidade de dialogo.
Jorge Fonseca aproveitou para esclarecer que, mesmo sem orçamento, a CMSV está a funcionar em regime de duodécimo, tendo a sua disposição uma previsão de um milhão e 140 mil contos, pelo que consegue realizar quase todas as despesas, com excepção dos investimentos. “A UCID há muito que tem vindo a alertar e a demonstrar as muitas incongruências praticadas pelo edil no que tange a falta de transparência e de rigor na gestão da coisa pública”, diz, citando o sistema de doações implementado na CMSV em que, sobretudo os emigrantes, quando querem comprar um lote de terreno são forçados ofertar milhares de contos, que não são depositados na conta oficial da câmara.
No que tange as grandes obras, caso do Polidesportivo de Chã de Alecrim, em construção há mais de 16 anos, o líder regional da UCID revelou que este vem absorvendo valores exorbitantes em todos os orçamentos aprovados na AMSV. Lembrou, por outro lado, que, em 2019, a Câmara de S. Vicente foi auditada pela Inspecção das Finanças, que detectou irregularidade e atropelos neste dossiê e recomendou que a Câmara não tem vocação para grandes construções, sendo que esta deveria seguir o procedimento de concurso e adjudicação da obra a uma empresa construtora. “Podemos referir ainda a construção das obras do ex-Registo, financiada pela CMSV e onde irá funcionar a sede da da AMSV, iniciadas em 2017. O presidente culpa a UCID pela não concretização desta obra. Nada mais falso.”
Situações que levam Fonseca a afirmar que o edil está sem norte, desesperado e sem forças para assumir as suas responsabilidades, transformando-se num presidente somente para os discursos de abertura de eventos oficiais, abandonando S.Vicente a sua sorte. “Temos uma CM sem recursos, mas que vive como se fosse a mais rica do país. Uma Câmara que se define como construtora de um polidesportivo há mais de uma década e meia; que leva as peixeiras a venderem os seus produtos na rua, enquanto temos um mercado de peixe há vários anos por construir”, pontua, aproveitando para denunciar as dificuldades para obtenção de um terreno, cujo resultado é a proliferação de construções clandestinas que vão surgindo nas encostas, sem fiscalização, sem estética e sem acessos.
Em suma, diz este politico, São Vicente precisa de uma melhor liderança, de gestão de visão e rigor. “São estas as características que gostaríamos de ver na CM, independentemente da linha ideológica partidária e não de um presidente que, por cansado, ou porque já reformado, abandona a ilha”.