Transporte marítimo: PAICV afirma que serviço sofreu retrocesso de 30 anos com a entrada da CV Interilhas

O PAICV afirmou esta manhã que o serviço de transporte marítimo de passageiros e carga sofreu um retrocesso de trinta anos com a entrada em funcionamento da companhia Cabo Verde Interilhas, no passado dia 15 de Agosto. Conforme Alcides Graça, isso deve-se a decisões erradas tomadas pela nova concessionária, por mero desconhecimento da realidade cabo-verdiana, em particular das características da rota marítima Mindelo – Porto Novo, que representa 74 por cento do movimento portuário nacional.

“Antes a ligação era feita por três navios (Inter-ilhas, Liberdade e Armas), pertencentes a agências diferentes, com escritórios de venda diferentes. Ao passar a funcionar como uma única agência armadora, a Cabo Verde Interilhas, e com um único ponto de venda, era evidente este afunilamento na procura de bilhetes, que não foi tido em consideração e acabou por bloquear o sistema”, realça o responsável do partido da estrela negra na ilha de S. Vicente, em conferência de imprensa.

Apesar disso, o PAICV, segundo Graça, não concorda com a proliferação de pontos de venda, medida essa já tomada e anunciada pela CV Interilhas. Na sua perspectiva, a companhia deve criar as condições para haver um único local de venda em S. Vicente, mas com condições dignas de conforto e atendimento público.

Para Alcides Graça, uma outra medida errada cometida pela nova concessionária foi a retirada do segundo navio da linha entre as ilhas de S. Vicente e Santo Antão. Um “erro grave” que, volta a frisar, se calhar por desconhecimento da dinâmica dessa rota marítima. “Aliás, o presidente da Câmara do Porto Novo reconheceu essa necessidade”, sublinha Graça, que condena, entretanto, o silêncio da edilidade mindelense sobre a situação instalada na ligação Mindelo – Porto Novo e que tem suscitado críticas de condutores, comerciantes e outros tipos de utentes. Enfatiza Alcides Graça que Augusto Neves foi eleito para defender os interesses dos filhos de S. Vicente, mas que tem estado a omitir-se dessa responsabilidade.

Recorda o PAICV que o contrato de concessão do serviço marítimo foi assinado no dia 18 de Fevereiro de 2019, com o arranque das actividades previsto para Agosto, tempo suficiente, na perspectiva de Alcides Graça, para a empresa se preparar e arrancar na perfeição. Só que, diz, os factos apontam em sentido contrário. E uma das medidas que a seu ver tem de ser equacionada é a colocação de um segundo barco na rota Mindelo – Porto Novo, já que um único navio, para ele, é manifestamente insuficiente para tanto movimento.

Isto quando o próprio ministro da Economia Marítima defendeu ontem que uma embarcação com quatro viagens é suficiente para dar resposta à demanda. No entanto, Graça discorda e relembra que é preciso levar em conta o tempo consumido pelas operações de carga e descarga, além da possibilidade de avaria.

O PAICV resolveu reagir com alguma demora sobre o “caos” instalado na referida rota, segundo Graça, porque tentou obter informações fidedignas da própria companhia armadora, o que não foi possível. Conseguiu apenas entrar em contacto com o president da Associação Cabo-verdiana dos Armadores da Marinha Mercante, mas que lhe passou alguns dados. “Mas senti que havia um certo receio em se pronunciar sobre a situação. Se calhar foi por esse motivo que não fui atendido pelo Administrador residente”, revelou Graça, que entretanto lamentou o facto de a sede da CV Inter-ilhas ficar na cidade da Praia, quando o Porto Grande tem sido o centro das movimentações portuárias e que aguentou o serviço marítimo nacional por décadas.

CV Interilhas aumenta postos de venda

A CV Interilhas afirma em comunicado que nestes 18 dias de funcionamento tem oferecido aos utentes um serviço regular e pontual e efectuada a correcção e melhoramento de algumas falhas informáticas ocorridas. Ciente da maior concentração de tráfego marítimo entre S. Vicente e Santo Antão, diz a nota que a empresa reforçou os seus postos de venda e solucionou a questão do sistema de bilhética, passando a venda ao modo manual, para permitir maior fluidez e rapidez na compra de bilhetes.

“Destaca-se a abertura de mais um posto de venda ao público desde o dia 29 de Agosto, passando a existir seis pontos de venda na Gare de Passageiros do Mindelo, separando-se a venda de bilhetes de passageiros da venda de passagem para as cargas, evitando assim mais constrangimentos aos passageiros. Aderiram também à rede de venda de bilhetes três agências em São Vicente localizadas nas proximidades da Gare Marítima (Atlantur, Agência Nacional de Viagens e Tropictur) e ainda a Resermar”, informa a companhia. Esta operadora adianta que nas outras ilhas foram celebrados contratos com novas agências, nomeadamente na Brava com a Agivimar, na Boavista e no Sal com a Bestship e em São Nicolau com a Praia d´Tedja. Em Santiago, na Praia, foi aberto um posto de venda junto ao cais (Navex/CV Interilhas) que acresce aos 2 pontos de venda do Plateau (CV Interilhas e Polar).

No cômputo global, a CV Interilhas abriu 8 agências nas últimas 2 semanas e conta nos próximos dias aumentar a rede de agentes na ilha da Santo Antão, em Ribeira Grande, e continuar a expansão noutras ilhas. A empresa faz notar ainda que o seu armazém logístico no Porto de Praia movimentou em 18 dias 4.000 tons de carga com destino aos portos de Fogo e Brava, Maio, São Vicente e São Nicolau, Sal e Boavista.

KzB

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