O Primeiro-ministro garantiu hoje, na abertura da 3ª dição da Feira de Oportunidades na Praça D. Luís, cujo lema é “Levante-se e crie as suas oportunidades”, que trabalhar com as micro e pequenas empresas é tão importante como trabalhar com as médias e grandes e que as primeiras são até mais estruturadas. Para Ulisses Correia e Silva, que veio de Boston para São Vicente para prestigiar este certame, o empreendedorismo é actualmente uma realidade dinâmica em Cabo Verde.
Na sua intervenção, o Chefe do Governo desafiou os jovens a empreender e a terem mais atitude. Sobre este particular, elogiou o lema escolhido, que considerou pertinente. “Sem isso, tudo o resto não tem significado. Podemos criar todos os mecanismos e incentivos, todas as facilidades, mas, se não houver capacidade empreendedora, ou seja, vontade, capacidade de correr risco, de fazer acontecer, superar obstáculos e ter sucesso, de nada valerá tudo isso”, afirmou Correia e Silva, enfatizando a necessidade de nunca desistir e de ser perseverante.
Tudo isso vai traduzir-se em menos dependência do Estado, pontua o PM, realçando que o país tem hoje um ecossistema favorável, desde a formação profissional, formação para o empreendedorismo com kit de início de negócios, financiamentos, linhas de crédito em condições favoráveis, taxas de juros bonificados pelo Estado, entre outros. “Quem quer iniciar um pequeno negócio tem alguma dificuldade nos bancos porque não tem capital próprio. Para superar isso, criamos um mecanismo de garantias, que pode cobrir até 100% dos riscos de negócio. A nível das micro-finanças, temos estado a trabalhar com as instituições, injetando-lhes liquidez para poderem fazer empréstimos em condições favoráveis. Há incentivos fiscais, aduaneiros para investimentos de empreendimentos na fase inicial. Temos um conjunto de condições criadas. Agora é avançar e melhorar estas condições”.
Como novidade, o Primeiro-ministro anunciou a expansão das Casas do Empreendedor, projecto inaugurado em 2019 na Capital, para todas as demais ilhas e que concentra todos os serviços em um único espaço, para facilitar a interação dos empresários e dos empreendedores com as instituições. A Casa do Empreendedor concentra num único local os serviços de diferentes instituições – ProEmpresa, Pro Garante e Pro Capital – ligadas à promoção empresarial e facilitação de negócios.
Do lado da Câmara de São Vicente, o vereador Rodrigo Martins agradeceu a oportunidade e aproveitou para parabenizar a FIC e os seus parceiros e expositores por esta iniciativa, que augura possa vir a ser um marco na promoção empresarial, com troca de experiências e negócios. “Estamos cientes da importância das micro e pequenas empresas no desenvolvimento económico e social do país, enquanto espaços privilegiados de desenvolvimento e aprendizagem, de geração de oportunidades de negócios e gerando empregos nos mais variados sectores”, frisou, deixando um incentivo às empresas e aos expositores que, mesmo enfrentando dificuldades, continuam a apostar na inovação, factor estratégico de crescimento e consolidação e que contribuem decisivamente para a competitividade, emergência de novos negócios e para o reforço de competência no âmbito da gestão empresarial.
Porta aberta aos pequenos empreendedores
Antes, a administradora da FIC explicou que o propósito de realizar esta feira foi fazer uma abordagem pedagógica às pequenas iniciativas e empreendimentos, dando-lhes a oportunidade de contactarem o público consumidor. “A feira de oportunidades é uma porta aberta aos pequenos empreendedores e um estímulo aos que tenham vocação para virem a ser grandes empresários, mas que precisam desta iniciação da escola primária da vida económica”, explicou Angélica Fortes, acrescentando que foi neste sentido que se tomou a iniciativa de criar um gabinete de apoio à gestão e finanças, que estará disponível no recinto da feira durante todos estes dias, com consultores especialistas em educação financeira, para apoiar os expositores e visitantes que deles necessitam.
Já o presidente da Câmara do Comércio de Barlavento reforçou que este é o sexto evento feiral realizado este ano, num sinal claro da crescente dinâmica de retoma empresarial, mas sobretudo de uma atenção muito especial que se tem dado a todos os sectores de actividades, através da realização de feiras multi-sectoriais temáticos, ajustadas às dimensões do tecido empresarial nacional. “Empreender nesta feira de oportunidades, no final deste ano comercial, mais do que permitir às micro e pequenas empresas expor os seus produtos e serviços, tem a vantagem de poder criar, adicionalmente, um mercado sazonal para venda directa. É ainda um meio eficaz de escoamento dos stocks”, define Jorge Maurício, para quem esta feira é um ensaio estratégico para testar as potencialidades de crescimento e expansão dos expositores.
Indo mais além, este líder empresarial do norte do país, defende que esta feira, dedicada exclusivamente aos negócios empreendidos por micro e pequenos empresários, resulta de um esforço inter-institucional de tudo fazer para que o sector privado, independentemente da sua dimensão, continue a ter acesso às oportunidades de consolidação e crescimento, retenção de emprego e promoção da empregabilidade. “Esta é uma montra privilegiada, é uma solução que aproxima os negócios da comunidade local. Aproxima quem quer vender de quem quer comprar.”
Estiveram presentes da abertura desta feira a presidente da Assembleia Municipal, deputados nacionais, eleitos municipais, representantes dos serviços desconcentrados do Estado, empresários, autoridades militares, civil e religiosas e demais convidados.