Tó foi baleado no dedo de um pé dentro de um bar com uma pistola Walther antes de ser atingido no abdómen, presume-se com outra arma de fogo e fora do estabelecimento. O suspeito do homicídio vai aguardar julgamento em prisão preventiva.
Adilson, o presumível autor do disparo fatal que matou o jovem Dilton “Tó” Fortes esta segunda-feira de madrugada, vai aguardar o julgamento em prisão preventiva, enquanto os colegas Ailton Brito e Manuel Mendonça ficaram sob Termo de Identidade e Residência. Estas foram as medidas de coação determinadas anteontem por um juiz do Tribunal de S. Vicente, após mais de duas horas de audição dos suspeitos. Para o advogado Armindo Gomes, defensor dos três envolvidos, a decisão do magistrado foi sensata, tendo em conta as dúvidas e as informações disponíveis.
A versão dos arguidos, segundo Gomes, confirma que tudo começou dentro de um bar. Ao entrar, Tó terá chocado “acidentalmente” em Adilson e provocado o vazamento da bebida que este tinha num copo na sua camisa. Como Tó não se dignou a pedir desculpas, prossegue a nossa fonte, foi interpelado por Adilson sobre o seu comportamento. Na sequência, revela o nosso interlocutor, começaram a discutir e a ofender-se mutuamente. A situação foi ficando mais tensa e chegaram mesmo a engalfinhar-se. Entretanto foram separados por outras pessoas que estavam no espaço.
Inconformado, Adilson, segundo o advogado, correu para o seu carro e regressou com uma pistola Walther calibre 7.5 e efectuou três disparos dentro do estabelecimento. Uma das balas, assegura Armindo Gomes, atingiu Tó num dedo do pé. “Adilson admite que deu três tiros, mas diz que não tinha muita destreza no uso da arma”, acrescenta o jurista.
Conforme ainda a versão apresentada pelos suspeitos, Adilson e o colega Ailton, que moram juntos em Fonte Francês, perto do local onde o cadáver de Tó foi encontrado dentro de uma viatura, foram depois para casa, tendo o terceiro colega, Mendonça, ficado com o automóvel. Adilson e Ailton garantem que foram dormir e que de manhã ouviram vozes na rua e souberam do sucedido. Assim sendo, descartam qualquer envolvimento no assassinato. No entanto, este não parece ser o entendimento do juiz que determinou as medidas de coação.
Entretanto, Mendonça terá dado boleia a um amigo e, ao deparar-se com uma viatura da Polícia Nacional, desorientou-se e embateu num lancil. Abordado pelos agentes da PN, prossegue a nossa fonte, estes descobriram que não tinha carta de condução e encontraram alguma quantidade de haxixe no carro. Mendonça foi deste modo detido por posse de droga e condução ilegal. “Esta detenção acaba por o ilibar do crime de homicídio”, conclui Armindo Gomes.
Na verdade, o principal suspeito chama-se Adilson, o único que ficou em prisão preventiva, mas que, no entanto, alega inocência. É que, como admite o próprio advogado, há peças que ainda precisam ser encaixadas. Uma delas é saber por que razão Tó foi até Fonte Francês e parou o carro perto da casa onde dois dos suspeitos moram, sabendo que momentos antes um deles disparou três tiros contra a sua pessoa. Por outro lado, tudo indica que Tó foi alvejado quando estava dentro do carro e que o projéctil terá primeiro atingido o lado exterior da porta. Além disso é o próprio advogado a dizer que a arma de onde partiu o tiro fatal não é a mesma usada no bar, tendo em conta o invólucro encontrado no local do homicídio. Tudo indica que as autoridades conseguiram recuperar apenas a Walther usada dentro do bar.