O Centro Cultural do Mindelo acolheu no final da tarde de ontem um debate à volta do livro “O lado B da Europa: Europa do Século XXI, um retrato política e social” do escritor português Bernardo Pires de Lima, no quadro das celebrações da Semana da República, que contou ainda com a intervenção do presidente da Câmara Municipal e do Chefe da Casa Civil. Tanto Augusto Neves como Manuel Faustino destacaram a importância das duas datas, 13 e 20 de Janeiro para São Vicente e Cabo Verde.
Segundo o autor “Lado B da Europa”, este livro permite acompanhar os erros das dinâmicas europeias, sejam comunitárias ou mais nacionais, sendo que há democracias que têm eixos iguais aos da cabo-verdiana, pelo que vale a pena acompanhar, comparar e ver o que está mal e corrigir. “As democracias podem aprender umas com as outras e, nos debates que levanto no livro, deixo um alerta para um conjunto de problemas de uma forma descentralizada. Estamos a falar de um continente descentralizado e Cabo Verde é também um Estado descentralizado no sentido geográfico do termo. Pode aprender e encontrar os denominadores comuns para que a coesão se mantém”, explicou Bernardo Lima, no final da conversa.
Este deixou claro, no entanto, que a coesão europeia tem fragilidades e que a Europa está neste momento num dilema para encontrar um caminho conjunto nas várias matérias. No caso de Cabo Verde, adverte, é preciso também encontrar os denominadores comuns para que ninguém fique para trás, seja em termos de desigualdades, distribuição de riqueza, potencial marítimo, dimensão desportiva, cultural, de entre outros. “Neste sentido, o livro traz muitos alertas e sinais, quer de inspiração ou de correcção, quanto mais não seja para não repetir os erros”, completa.
Desmistificar 13 e 20 de Janeiro
Manuel Faustino, que falava à margem da conversa, vincou a importância de se valorizar estas duas datas, 13 e 20 de Janeiro que, a seu ver, não são pertença dos partidos políticos. “Infelizmente já foi pior, mas ainda temos isso. Há determinadas percepções políticas que acham que o 13 de Janeiro pertence a um determinado grupo e o 20 de Janeiro a outro. Mas julgo que o tempo vai passando e o que se sente é que as pessoas estão com tendência a considerar estas duas datas como sendo nossas. Isto é muito positivo.”
E o esforço tem de ser, cada vez mais, neste sentido, pontua o Chefe da Casa Civil, lembrando que Cabo Verde tem uma história com datas marcantes. “Estas duas datas valorizam-nos. 13 e 20 de Janeiro são duas datas importantíssimas para o Estado de Cabo Verde livre, democrático e independente. Somos muito mais ricos com estas duas datas.”
Constânça de Pina