São Vicente vai eleger apenas 10 deputados nas eleições legislativas de 18 de abril próximo, menos um do que no pleito de 2016, de acordo com o mapa publicado no Suplemento n.º 28 do Boletim Oficial de ontem. O presidente da Comissão Regional de Eleições, Humberto Mota, não se surpreendeu com esta notícia. Aliás, diz, já tinha alertado os partidos políticos e a população em geral para este risco.
O mapa com o número de deputados e a sua distribuição por círculos eleitorais feita com base no apuramento do total de eleitores recenseados revela que Santo Antão também perde um deputado. Ou seja, com 32.950 eleitores recenseados, baixa de sete para 6 eleitos nacionais. S. Vicente contabiliza 54.637 eleitores, que se traduz em 10 mandatos. É mais uma machadada nas pretensões destas ilhas do Norte que têm reivindicado uma maior representatividade ou equilíbrio na Assembleia Nacional.
Certo é que os dois deputados perdidos por Santo Antão e São Vicente vão para a ilha do Sal que, com 20.250 recenseados, passa a ter quatro mandatos, e para a região política de Santiago Sul, que ganha 19 eleitos nacionais por conta dos seus 106.501 recenseados. S. Nicolau (10.127 inscritos), Boa Vista (8.306), Maio (5181), Brava (4806) continuam a eleger 2 deputados cada.
Fogo, com três concelhos, mantém os seus cinco deputados para um total de 26.771 eleitores; Santiago Norte, com seis concelhos, mantém 14 lugares no Parlamento, para representar 79.414 eleitores. A nível nacional, estão inscritos 349.003 eleitores, distribuídos por 10 círculos. Já a diáspora, com três regiões – África, América, Europa e resto do mundo – continua a eleger seis deputados para a Assembleia Nacional.
Relativamente a S. Vicente, o presidente da Comissão Regional Eleitoral, admite que muitos potenciais eleitores ficaram sem recensear. “Num universo de pouco mais de cinco mil potenciais eleitores, recenseamos pouco mais de dois mil, mais precisamente 2.129. Era por isso previsível a perda de um mandato neste círculo eleitoral”, afirma Humberto Mota, para quem outros círculos “ganharam” mais eleitores, caso da ilha do Sal e Santiago Sul, foi porque conseguiram um recenseamento mais expressivo.
Em termos concretos, este responsável explica que, anualmente, a ilha do Porto Grande ganha em torno de 1.300 pessoas com capacidade eleitoral activa e, se estas não forem recenseadas, o risco de perder mandatos é real. “Os partidos políticos e a população foram alertados. Fizemos campanhas para tentar atrair as pessoas, mas estas não se mostram interessadas em recensear. Por isso, ficamos muito aquém das previsões”, desabafa.
Mota acredita que bastava um pouco mais de empenho dos partidos políticos e de interesses das pessoas para se conseguir atingir o objectivo. “Desde as eleições autárquicas conseguimos recensear cerca de 1.800 pessoas, resultado de uma maior sensibilização junto dos partidos políticos. Para se ter uma ideia, só esta última semana tivemos mais de 800 inscritos. Mas, infelizmente, estes despertaram muito tarde.”, refere o presidente da CRE, que aproveita para criticar igualmente o desinteresse dos jovens que acreditam estar a fazer um favor às pessoas quando vão se inscrever.
Em jeito de remate, Mota lembra que o recenseamento é permanente pelo que as pessoas não precisam ir inscrever-se no último minuto.