A resiliência e o trabalho dos mindelenses foram ontem elogiados e destacados pelos presidentes da Câmara e Assembleia Municipal de São Vicente, mas também pelo autarca de Oeiras, Portugal, que presidiu a sessão solene dos 144 anos da Cidade do Mindelo, onde se notou igualmente a ausência dos vereadores e eleitos do PAICV. Augusto Neves focou ainda no seu discurso na democracia e nos valores como liberdade, diálogo e participação, enquanto Dora Pires fez uma viagem pela história da ilha, desde o povoamento aos tempos actuais, para honrar os que contribuíram para o desenvolvimento da ilha. Já Isaltino Morais, que foi muito elogiado pela amizade e solidariedade para com S. Vicente, destacou a resiliência e resistência dos mindelenses face as adversidade.
Isaltino Morais, enquanto convidado especial destas celebrações, começou por agradecer o privilégio de estar em São Vicente, ilha que conhece e por quem nutre uma profunda admiração pelas conquistas, ao longo dos anos. “É indiscutível a resiliência do povo de São Vicente e edacidade do Mindelo. São bons exemplos de como capacidade de trabalho e a esperança num futuro melhor são capazes de fazer milagres”, declarou, lembrando que conhece desde 1987 acompanha a evolução desta ilha e do país.
Segundo este autarca, ao longo dos anos viu transformações e os sonhos dos diferentes autarcas, bem como as dificuldades com que se debateram e debatem. E foi destas dificuldades que surgiu esta geminação entre Oeiras e Mindelo, a primeira do município luso com as congéneres dos países africanos de língua oficial portuguesa. “O projecto de cooperação entre Oeiras e São Vicente nasceu da necessidade de conhecer a realidades dos cabo-verdianos no seu país, tendo em conta que temos uma grande comunidade a residir em Oeiras. Já foram 17 mil e hoje são cerca de 12 mil. Uma comunidade que começou nas obras, mas que sofreu um ‘up grade’ extraordinário e hoje é constituída por empresários, engenheiros, etc. Dificilmente encontramos um cabo-verdianos nas obras “, constatou.
Para o Isaltino Morais, causa admiração a capacidade de resistência dos mindelenses e de São Vicente, município com quem Oeiras tem uma cooperação troca, onde se dá, mas também se recebe. “Saio desta ilha revigorado. Vou com as baterias recarregadas porque, perante as dificuldades que nos confrontamos aqui, ficamos com uma enorme vontade de incorporar esta força telúrica desta ilha, esta capacidade de resistência e, naturalmente, aplicá-la em Oeiras. É fundamental aprender com aqueles que conseguem construir com parcos recursos”, manifestou.
Antes, o presidente da CMSV, na qualidade de anfitrião, deu as boas-vindas ao seu homologo de Oeiras, cuja presença no Mindelo classificou de “a expressão das excelentes relações de irmandade, amizade e solidariedade entre os dois municípios.” “Hoje é dia de relembra o esforço, o trabalho e o empenho de todos aqueles que contribuíram para a metamorfose desta terra, de pescadores a comerciantes. Hoje Mindelo é uma cidade bonita, equilibrada, atrativa e dotada de serviços fundamentais e cômodos para os seus cidadãos, amigos e para os turistas que nos visitam, enfatizou, mostrando orgulho pelo passado, mas também confiança no futuro, alicerçado nos valores e na construção de uma sociedade onde a liberdade, a igualdade e a solidariedade são o centro.
Conforme fez questão de frisar, democracia exige exercício do poder pelo povo, pelos cidadãos, em conjunto com os governantes. E esses exercício deve se traduzir na capacidade dos cidadãos de formarem uma vontade politica livre. “Mindelo é mais importante do que quem a governa. É maior do que os projectos pessoais e políticos de qualquer um. O aniversario de uma cidade é muito mais do que um marco na vida de cada cidadão. É uma pagina que viramos para conquistar novos sonhos, novas realizações e continuar —reescrevendo a história”, reforçou, augurando que as siglas partidárias e as ideologias sejam menores do que o desejo de todos os presentes no salão nobre da CMSV que querem ver um Mindelo mais saudável, segura e organizada.
Já a presidente da Assembleia Municipal voltou a contar a história de S.Vicente, do povoamento aos dias actuais, passando pela revolta do Capitão Ambrósio, que considerou ser um fenómeno de resistência e resiliência das gentes desta ilha. Dora Pires aproveitou para homenagear todos os que colaboraram para o desenvolvimento da ilha, em especial o autarca Isaltino Morais, um grande amigo de longa data de São Vicente. “Hoje temos uma ilha punjante, fruto do seu passado. Todos, juntos, devemos trabalhar para o seu desenvolvimento com humildade e aceitar as opiniões e sugestões. Respeitar as leis e evitar os confrontos de força que não nos levarão a lado nenhum,” juntou.
Pires ainda pediu maior respeito aos órgãos e as leis, mais diálogo, maior envolvimento, respeitando à confiança depositada pelos sanvicentinos, realçando que a ilha clama a união e o trabalho de todos.
A sessão solene dos 144 anos da Cidade do Mindelo contou com a presença de algumas individualidades e entidades religiosas, em muito menor número que os anos anteriores, eleitos municipais e funcionários da edilidade. Teve um momento musical com Constantino Cardoso e Carmen Silva e, antes de terminar, o autarca de Oeiras, Isaltino Morais, foi presenteado com uma tapeçaria.