O coordenador dos relatórios de inspecção das finanças sobre os fundos do Turismo e do Ambiente negou qualquer responsabilidade na divulgação dos documentos na imprensa. Renato Fernandes levantou, entretanto, a hipótese de os mesmos terem sido extraviados no gabinete do ministro das Finanças, referindo que nunca teve acesso ao relatório final assinado pelo inspetor-geral.
Renato Fernandes fez estas considerações em conferência de imprensa proferida ontem na Cidade da Praia, tendo declarado que está a ser vítima do Governo e do secretário-geral do MpD. Garantiu ainda que nenhum dos inspectores que participaram da inspeção tem qualquer responsabilidade na fuga dos relatórios.
Dirigindo-se a Luís Carlos Silva, que o acusou de ter apoderado do projecto do relatório e entregue ao jornal A Nação, disse que esta afirmação não tem cabimento. Justificou que o jornal publicou o relatório final com a assinatura dos inspectores que não consta nos preâmbulos preliminares. Enquanto coordenador, referiu, nunca tem acesso ao relatório final assinado pelo inspector-geral, razão pela qual foi categórico ao afirmar que “os relatórios foram desviados no próprio gabinete do ministro das Finanças”.
Como prova da sua inocência apresentou cópia de um e-mail que disse ser do inspector-geral, enviado ao seu adjunto, em março, solicitando a reconstituição do relatório, o que comprova que havia dificuldade na sua localização no gabinete do ministro das Finanças, para onde tinha sido enviado para ser homologado. “Nunca dei relatório a ninguém! Já tenho mais de 20 anos na IGF, mais de 10 como dirigente, dos quais mais de seis com o Governo do PAICV e cinco com o Governo do MpD e nunca aconteceu nada disto comigo. Participei nos relatórios como coordenador e como elemento da equipa, tanto nos processos de gestão do governo do PAICV e do MpD”, assegurou.
Para este auditor público, a sua imparcialidade e competência não podem ser postos em causa. Fernandes garantiu ainda que se sente à vontade nesta matéria porque escolheu a profissão por gosto e, no seu trabalho, apenas foca no desenvolvimento do país. Acrescentou ainda que que há 21 anos que a sua actividade política é zero e que não tem qualquer ligação partidária.
Sobre os relatórios, Roberto Fernandes recusou tecer quaisquer comentários. Recusou, igualmente, responder ao ministro das Finanças, alegando que conhece “o quadro legal e as instâncias próprias para pronunciar”. Aliás, sublinhou, só reagiu perante o silêncio do Inspector-geral das Finanças e dos governantes ligados às Finanças para “repor a verdade e limpar” o seu próprio nome.
Por igual motivo decidiu levar os acusadores e pessoas que o difamaram e julgaram, na praça pública, a Tribunal, acrescentando que, como auditor, limita-se a pronunciar com factos e evidências. Realçou que desde maio de 2022 está a trabalhar como auditor da Câmara Municipal da Praia, em serviço de requisição, mediante uma autorização do ministro das Finanças.
Sobre este particular, deixou claro que se trata de uma prática corrente, argumentando que ele foi o quinto inspector das finanças a trabalhar na CMP, depois de dois inspectores na gestão de Felisberto Vieira e de outros tantos na presidência de Ulisses Correia e Silva, na qualidade de autarca da Praia.
C/Inforpress