Um estudo sobre o crime organizado em África revela que Cabo Verde se destaca pelo combate ao crime e que a integridade das suas instituições é desenvolvida e a democracia é forte. O estudo, que integra o projecto Enact foi apresentado na terça-feira em Nova Iorque, classifica Cabo Verde como o país africano mais bem preparado para enfrentar o crime organizado e diz que “provou a sua resiliência por ter estado ameaçado”.
Tuesday Reitano, uma das autoras do estudo sobre crime organizado e diretora adjunta da Global Intiative, disse à agência Lusa que Cabo Verde se destacou na pesquisa, porque “a integridade das suas instituições é desenvolvida e tem governantes democráticos fortes”.
“Para nós, era sabido que Cabo Verde tem um problema com o tráfico de droga, mas reconhecemos que o país foi recetivo e aberto a muita assistência internacional sustentada durante algum tempo”, disse Tuesday, sublinhado que o país insular de língua oficial portuguesa tem enfrentado, “há mais de uma década, os esforços agressivos de penetração das drogas”.
Cabo Verde é “notável” pelas apreensões de droga, que são “evidência de aplicação eficaz da lei no combate do crime organizado”, disse a co-autora do estudo, acrescentando também que o país é estável e não-violento.
Para os pesquisadores, o facto de o país ser relativamente isolado torna a cooperação mais fácil no sentido de combater o crime, porque não lida com grandes fluxos vindos das fronteiras, ao contrário de países continentais.
De acordo com a primeira edição do “Índice de Crime Organizado do Enact – Melhorar a Resposta de África ao Crime Organizado Transnacional”, com dados relativos a 2018, Cabo Verde obteve uma média de 6,54 pontos no indicador de resiliência que calcula, através de vários parâmetros, a capacidade de resposta ao crime organizado.
Para se chegar a este valor, são classificados 12 parâmetros: liderança política e governação, transparência governamental e responsabilização, cooperação internacional, políticas e leis nacionais, sistema judicial e detenção, execução da lei, integridade territorial, sistemas anti lavagem de dinheiro, ambiente de regulação económica, apoio a vítimas e testemunhas, prevenção, e agentes não estatais.
Calculando a média dos valores alcançados nestes parâmetros, Cabo Verde atingiu 6,54 pontos (numa escala de 1 a 10), assumindo a liderança no continente.
Fonte: Jornal Económico