A jovem Maria Teixeira defendeu com sucesso o seu mestrado sobre a avaliação da qualidade físico-química e microbiológica do vinho Chã de Cabo Verde. Trata-se de um estudo, segundo a autora inédito, que avaliou o processo produtivo e a composição do produto final. E confirmou que o vinho é de “boa qualidade”
Com o título “Avaliação da qualidade físico-química e microbiológica do vinho Chã de Cabo Verde”, a tese foi realizada nas universidades de Évora (Escola de Ciências Sociais) e do Algarve (Faculdade de Ciências e Tecnologias), no âmbito do mestrado em Gestão da Qualidade e Marketing Agroalimentar. A defesa aconteceu no dia 26 de julho, por videoconferência, a partir da cidade da Praia.
“A decisão para analisar o vinho Chã da ilha do Fogo deu-se pelo facto de ser um produto muito conhecido a nível nacional e já a nível internacional, de uma localidade com o mesmo nome (Chã das Caldeiras), onde há o único vulcão ativo de Cabo Verde (Vulcão do Fogo) e o ponto mais alto do arquipélago (2.829 metros de altitude)”, refere a autora.
A investigação teve ainda como objetivo descrever o processo de fabrico do vinho, avaliar as condições de segurança e higiene e as características físico-químicas e microbiológicas das amostras. A conclusão, diz a nota, é que o vinho é de boa qualidade e que existem diferenças claras de acordo com o tipo de vinho em questão. Isto é, prossegue, os vinhos tintos apresentam uma capacidade antioxidante superior aos vinhos rosés, que por sua vez apresentam uma atividade antioxidante superior aos vinhos brancos.
“Do ponto de vista microbiológico, todos os tipos de vinho Chã apresentaram resultados microbiológicos satisfatórios e verificou-se que não houve desenvolvimento de qualquer microrganismo nos vinhos analisados”, aponta, acrescentando que o estudo teve ainda uma componente de provas sensoriais e as amostras de vinho tinto, branco e rosé tiveram boa apreciação e não apresentam diferenças significativas, enquanto nota-se pequenas diferenças em relação ao sabor e apreciação global, entre os vinhos, nomeadamente a preferência pelo vinho rosé.
Maria Teixeira explica que a escolha do tema para o estudo foi feita antes da pandemia do novo coronavírus, o que agravou as dificuldades previstas, mas que foram ultrapassadas com o tempo. Entre as dificuldades, destaca o facto de não ter acompanhado a produção do vinho, devido às restrições de viagem entre Portugal e Cabo Verde, bem como de Santiago para o Fogo, precisamente por causa da pandemia.
Acrescenta-se ainda a distância entre Portugal e Cabo Verde, que dificulta a deslocação à fonte no caso de necessidade de esclarecimentos e obtenção de mais informações, bem como a demora por parte das instituições cabo-verdianas em fornecer dados para a investigação e o número muito reduzido de trabalhos científicos nesta área, em Cabo Verde.
Tendo em conta a sua qualidade reconhecida agora em estudo universitário, o trabalho científico considerou ser importante encontrar formas para a sua divulgação, compreender o perfil do consumidor e identificar fatores que influenciam o seu consumo. Também se recomendou a aposta numa plataforma digital para divulgação mais eficaz e rápida, não só do vinho Chã, mas de todos os vinhos de Cabo Verde, que reúna igualmente as diferentes empresas que operam neste setor no país.
Maria Teixeira, natural de Santo Antão e reside na Praia. É licenciada em Análises Clínicas e Saúde Pública pela Universidade Intercontinental de Cabo Verde (ÚNICA) e agora é a nova mestre em Gestão da Qualidade e Marketing Agroalimentar pelas Universidade de Évora e do Algarve.