Na quarta-feira, dia 1 de maio, assinalam-se os 50 anos da libertação dos presos políticos e do encerramento do Campo de Concentração do Tarrafal, um dos símbolos da opressão da ditadura e jugo colonial portugueses. Neste dia, os Presidentes da República de Cabo Verde, Guiné-Bissau e Portugal, com uma alta entidade angolana em representação do homologo João Lourenço, reunir-se-ão para o ato central das comemorações da efeméride.
A iniciativa, também enquadrada na missão do Presidente Neves, enquanto Champion para a Preservação do Património Natural e Cultural Africano, visa apoiar a candidatura do Campo de Concentração do Tarrafal a Património Histórico da Humanidade. O dia 01 de Maio será passado por inteiro no antigo campo do Tarrafal, hoje Museu da Resistência.
O programa comemorativo destaca o descerramento de uma placa comemorativa e uma sessão especial com os chefes de Estado e uma alta representação de e uma conferência sobre o campo do Tarrafal pelo historiador Victor Barros. À tarde, os presidentes realizam uma visita guiada ao campo e as comemorações do dia terminam com um concerto com Mário Lúcio (Cabo Verde), Teresa Salgueiro (Portugal), Paulo Flores (Angola) e Karyna Gomes (Guiné Bissau), com entrada livre.
Estas atividades ocorrem dias depois do anúncio da formalização do processo de candidatura do Concentração do Tarrafal a Património da Humanidade. O Governo fundamenta com a Convenção para a Protecção do Património Mundial, Cultural e Natural, da qual Cabo Verde é parte desde 21 de Novembro de 1972, que destaca a responsabilidade dos Estados partes em identificar, proteger, conservar, valorizar e transmitir às gerações futuras o património cultural e natural nos seus territórios.
Um total de 36 pessoas foram mortas pela ditadura colonial portuguesa no campo de concentração do Tarrafal. A maioria, 32, eram portugueses que contestavam o regime fascista, presos na primeira fase do campo, entre 1936 e 1956. Este voltaria a reabrir em 1962 com o nome de Campo de Trabalho de Chão Bom, destinado a encarcerar anticolonialistas de Angola, Guiné-Bissau e Cabo Verde – altura em que morreram dois angolanos e dois guineenses.
Ao todo, mais de 600 pessoas estiveram presas no “campo da morte lenta”, entre portugueses, angolanos, guineense e cabo-verdianos, durante duas fases distintas, entre 1936 e 1974. Após o encerramento do Campo a 1 de Maio de 1974, o local foi classificado como Património Nacional e iniciou-se o processo de reabilitação e musealização para preservar a sua integridade e autenticidade.