O protocolo para tratamento dos doentes de Covid-19 em Cabo Verde, e que abre a possibilidade de os médicos recorrerem ao uso da Hidroxicloroquina nos casos mais graves, será alvo de revisão. A actualização desse instrumento tem a ver com as evidências científicas sobre a ineficácia de certos medicamentos na terapêutica da enfermidade, como é o caso da Cloroquina, que foi visto inicialmente como indicado para tratar a infecção. No entanto, estudos recentes vieram indicar que o fármaco não se adequa ao tratamento da Covid-19, pelo contrário há indícios que pode inclusivamente aumentar o risco de morte dos pacientes vítimas do novo coronavírus.
Em Cabo Verde, conforme Jorge Barreto, as autoridades sanitárias optaram por autorizar a Hidroxicloroquina, que é um medicamento parecido com a Cloroquina, mas com a vantagem de ter menos efeitos adversos nos doentes. “No nosso protocolo não indicamos directamente que a Hidroxicloroquina seja um dos tratamentos de eleição. Na altura em que o protocolo foi feito existiam algumas experiências sobre tratamento em alguns países, como a China e a Alemanha, e que ainda estava em investigação. Colocamos as alternativas entre as quais a Hidroxicloroquina e a Cloroquina, mas a Hidroxicloroquina é o que temos disponível”, explica esse coordenador do grupo de trabalho da Subcomissão Cientifica-técnica sobre Prevenção e Controlo de Doenças. Jorge Barreto acrescenta que nesse protocolo foi deixada às equipas médicas a possibilidade de prescreverem a Hidroxicloroquina se entenderem, após discussão, que esse medicamento pode ajudar a resolver um determinado caso.
Agora o cenário pode mudar de figura com a revisão desse instrumento de trabalho. “Vamos ter de rever o protocolo a ser usado e ver o que se decide para o tratamento dos doentes em estado grave ou que apresentem um quadro que pode evoluir pra uma situação de maior gravidade”, frisa Barreto, lembrando que, em situação de desespero, os médicos podem usar os recursos necessários, sempre com o objectivo de salvar vidas.
KzB