Congresso: Primeiro-ministro aceita desafio da ULCV para o Governo aumentar o investimento nas áreas da ciência e investigação

A administradora da ULCV desafiou ontem o Governo de Cabo Verde a ser o primeiro do grupo lusófono a reafirmar o compromisso de aumentar a cota do investimento público para a ciência e investigação e dar, assim, respostas aos objectivos do 1. Congresso de Ciência, Inovação e Desenvolvimento da Lusofonia, evento organizado por essa universidade e que decorreu em S. Vicente de 18 a 20 deste mês. Tomando essa medida, segundo Filomena Martins, o Executivo estaria a dar um sinal muito claro do estágio e qualidade de desenvolvimento que almeja para Cabo Verde.

Para a gestora da Universidade Lusófona de Cabo Verde é um do desafio para todos os países representados nesse congresso internacional revisitar a política de investimento e não permitir que a cota da ciência oscile apenas entre 0,2 e 1 por cento do PIB, quando a média internacional atinge os 2,3 por cento. Aproveitando a presença do Chefe do Executivo na cerimónia de encerramento do encontro, Filomena Martins “recrutou” Ulisses Correia e Silva como um aliado nessa luta.

Na perspectiva dessa antiga ministra da Educação, os objectivos primários do Congresso foram atingidos, quais sejam a apresentação e debate dos diversos temas, que desembocaram na Declaração do Mindelo. Frisou, no entanto, que essa não é propriamente a meta principal desse evento. “A nossa meta é mais ousada e visionária. O nosso verdadeiro objectivo é pressionar, mas sobretudo influenciar a concepção de políticas públicas no domínio do ensino superior, com enfoque na ciência e investigação, consequentemente na produção e multiplicação do conhecimento de forma autónoma e endógena”, realçou. Martins reforçou que é preciso considerar a investigação cientifica como condição para se gerar riquezas económica e social nos países lusófonos. Entende que as pesquisas terão de gerar conhecimento capaz de ser aplicado e que cabe aos Estados assumirem a sustentabilidade dessa actividade, ou seja, algo que ultrapassa o mero financiamento.

Em resposta, Ulisses Correia e Silva aceitou o repto e assegurou que o Governo quer atingir 1.5% do PIB ao nível do investimento direcionado para a investigação científica, através do envolvimento dos sectores público e privado e estabelecimento de parcerias. Lembrou, aliás, que já há um conjunto de incentivos fiscais e financeiros que estão em fase de implementação nessa área. “É preciso ganhar escala, velocidade e tempo de produção de feitos”, pontuou.

Ulisses Correia e Silva anunciou ainda que já há dotação no orçamento de 2024 para a Fundação para a Ciência, Inovação e Tecnologia e o Fundo de Investimento e Desenvolvimento, instituição cujos estatutos serão aprovados em breve. A missão será captar investimento interno e internacional para o fomento da ciência, formação de quadros, inovação e o fomento de publicações científicas.

No acto de encerramento foi lida a Declaração do Mindelo, documento onde as universidades, professores, investigadores e instituições diversas assumiram uma série de compromissos, nomeadamente aumentar o investimento em investigação, criar infraestruturas de suporte, apoio e avaliação da produção científica, apoiar a participação de invstigadoress em redes de trabalho internacional, assumir o compromisso com a transição digital, promover a formação especializada…

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