O Presidente da República de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, atribuiu o Grande-Colar da Ordem da Liberdade, o mais alto grau da Ordem, a Amílcar Cabral. A entrega desta insígnia aconteceu hoje durante a cerimónia de outorga do grau de Doutor Honoris Causa a Amílcar Cabral, a título póstumo, promovida pela Universidade do Mindelo, por ocasião da celebração do seu 20º aniversário.
Foi um gesto singelo que muito emocionou o Comandante Pedro Pires, padrinho do laureado que recebeu a insígnia em nome da Fundação Amílcar Cabral, que preside, e dos familiares do malogrado. Marcelo Rebelo de Sousa afirmou, na ocasião, que todos os seus antecessores, António Ramalho Eanes, Mário Soares, Jorge Sampaio e Aníbal Cavaco Silva já distinguiram, por diversas vezes, o herói da nacionalidade cabo-verdiana, assim como haviam condecorado os chefes de Estado das pátrias independentes nascidas das lutas armadas dos anos 60 e 70 século passado.
Mas faltava condecorar aquele que não chegou a chefe de Estado por uns meses, apesar de ter sido o pioneiro entre os pioneiros e, porventura, o mais reconhecido a nível internacional por aquilo que era e simbolizava, simboliza hoje e amanha: o ‘Homem Grande’, Amilcar Cabral. “Como esperar um dia mais para prestar a homenagem por tanto tempo adiada?, interrogou o Presidente da Republica Marcelo Rebelo de Sousa, entregando logo de seguida o colar ao Comandante Pedro Pires e, através dele, à família de Amílcar Cabral, em nome de Portugal.
Para o chefe de Estado, este gesto de trazer o Grande Colar da Ordem da Liberdade Amílcar Cabral foi um dos momentos poderosos da cerimonia de doutoramento. “Cabral lutou pela liberdade. É o grande símbolo da liberdade da Africa, da liberdade e da democracia em Portugal”, afirmou, realçando que em umas das conferências de imprensas terá dito que a luta de libertação seria também um contributo ao lado dos antifascistas portugueses para a democratização de Portugal.
“Este gesto vem selar o compromisso da luta comum dos antifascistas portugueses, dos antifascistas, das ex-colonias portuguesas, dos combatentes da liberdade de Portugal e pela liberdade de Cabo Verde e de todas as outras ex-colonias . É um gesto de reconhecimento também aos antifascistas portugueses e a todas aqueles aqui no Campo de Concentração do Tarrafal sofreram porque quiseram lutar pela liberdade e pela democracia em Portugal”, concluiu.