PR eleva diáspora à condição de “ativo estratégico” da diplomacia contemporânea na celebração dos 50 anos da Independência

O Presidente da República enfatizou a importância da “vasta e vibrante” diáspora de Cabo Verde que, afirma, é um país que nasceu arquipélago e fez-se Nação global. José Maria Neves celebrou o seu papel insubstituível na edificação, projeção e consolidação do destino comum e elevou a diáspora ao papel de ativo estratégico da diplomacia contemporânea.  

Na sua mensagem à Nação por ocasião dos 50 anos da independência, o Chefe de Estado defendeu que Cabo Verde não seria o que é hoje sem a sua diáspora. “Desde tempos imemoriais, sucessivas gerações de cabo-verdianos partiram em busca de dignidade, sustento e horizontes mais amplos. E onde quer que tenham chegado, levaram consigo a alma do arquipélago, entrelaçando uma teia afetiva, económica e simbólica que transformou um pequeno país insular num Estado transnacional,” pontuou. 

Espalhado pelos quatro cantos do mundo, afirmou, a diáspora tem sido presença constante e decisiva na vida nacional, desde o apoio quotidiano à subsistência e ao bem-estar de inúmeras famílias, até à resposta solidária em momentos de crise — como ficou exemplarmente demonstrado durante a pandemia da Covid-19 — o vosso contributo tem sido contínuo, generoso e insubstituível.

Muitos dos que abraçaram a causa da Independência emergiram precisamente do seio da comunidade emigrada. O contacto com outros povos e o convívio com valores democráticos ajudaram a moldar, de forma decisiva, a nossa cultura política de tolerância, pluralismo e convivência cívica,” frisou, destacando as remessas financeiras dos emigrantes que, indica, representam uma relevante componente da economia e que têm sido estratégico no desenvolvimento nacional. 

Diz ainda José Maria Neves que este papel deve ser reconhecido e elevado à condição de ativo estratégico da nossa diplomacia contemporânea e que, à semelhança de outras diásporas organizadas e mobilizadas, também a cabo-verdiana tem estado a exercer diplomacia, promovendo os interesses do país junto de diversas instituições, nomeadamente de ensino superior, centros de inovação, fóruns económicos e plataformas internacionais de diálogo e cooperação.

E que essa ligação à terra-mãe tem um nome: cultura. “É ela que vos mantém ligados à origem – da língua à música, da gastronomia – onde a cachupa alimenta encontros de saudade – às artes. O crioulo, falado com orgulho em todos os continentes, é o traço mais íntimo da nossa identidade. Em todas as suas variedades, é o ponto que liga a Nação Global. E a música – com os seus ritmos únicos, do batuco à morna – tem sido o cartão de visita mais poderoso da nossa alma comum”, exemplifica, destacando a produção cultural da diáspora nas suas múltiplas formas, vasta, diversa e sofisticada.

Para o Presidente esta capacidade de adaptação, de afirmação sem confronto, constitui um dos mais valiosos atributos do país: o verdadeiro soft power cabo-verdiano. Um poder com impacto político e económico. Avisa, no entanto, que a conjuntura se agrava com atitudes hostis para com as comunidades migrantes, pelo que lança um apelo à prudência, ao escrupuloso respeito pelas leis dos países de acolhimento e à participação ativa na vida cívica dessas sociedades.

Afirmou que Cabo Verde é o que é porque cada cabo-verdiano, que nunca deixou de ser parte essencial do seu destino e prometeu que o Estado continuará firme no cuidado e na defesa dos direitos dos filhos espalhados pelo mundo. E termina dizendo que este é tempo de união, a partir das diferenças, de intensa mobilização de todas as capacidades nacionais, nas ilhas e na diáspora, para o país andar mais depressa no processo de modernização e de transformação numa terra próspera e de oportunidades.

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