O Presidente da República esclarece que a proposta do Governo de nomear Felisberto Vieira para o cargo de embaixador de Cabo Verde em Cuba cruza as ‘linhas vermelhas’ que traçou desde a sua investidura. Para José Maria Neves, uma eventual nomeação equivaleria a trespassar estas linhas, Mostrou, entretanto, “estranheza” pela proposta. Já Filú optou por não comentar a proposta do Governo e a recusa do Presidente da Republica. Também não se pronunciou sobre o comentário de Júlio Correia, que afirmou que Felisberto Vieira tem perfil para candidato à PR em 2026.
De acordo com Chefe de Estado, este esclarecimento se impõe tendo em conta alguma desinformação que tem vindo a circular, designadamente nas redes sociais, relativamente a uma eventual ou desejada nomeação de Felisberto Vieira para o cargo de Embaixador. “Desde muito cedo após a investidura, o Presidente da República, para evitar discricionariedade, pessoalização ou mesmo partidarização, definiu critérios muito claros e precisos para a ponderação sobre propostas de nomeação de Embaixadores Extraordinários e Plenipotenciários”, lê-se num comunicado de imprensa.
Refere, por outro lado que, nos termos da Constituição da República, as propostas são formuladas pelo Governo, os critérios foram partilhados com esse Órgão de Soberania e são, aliás, do conhecimento público. Mesmo assim, faz questão de recordar esses critérios dizendo que, para a chefia de Missões Diplomáticas, o PR concede preferência a Diplomatas de Carreira, respeitados, naturalmente, os requisitos que o seu Estatuto específico impõe, como seja a categoria mínima.
No entanto, em se tratando de propostas de individualidades que não pertençam à Carreira Diplomática, ou seja, os casos de propostas de Embaixadores com base na escolha política, traçou algumas linhas vermelhas. “Não é nomeado quem já esteja aposentado, quem já esteja prestes a aposentar-se ou quem esteja fortemente conotado com a política ativa ou esteja no ‘furacão da política’”, diz, repetindo uma expressão que utilizou anteriormente.
De entre as personalidades cuja proposta de nomeação assenta em ponderações exclusivamente de natureza política, sublinha ainda, o PR concederá particular atenção a quem tenha especial experiência acumulada na frente da Política Externa, como será o caso de um antigo Presidente da República, de um antigo Primeiro Ministro ou de um antigo Ministro dos Negócios Estrangeiros.
Recorda que os Diplomatas de Carreira cessam, por força da Lei, todo e qualquer tipo de funções ao atingirem o limite de 65 anos pelo que, em obediência a este critério, várias propostas de nomeação já foram recusadas. “O Presidente da República tem reiteradamente defendido que, para um Estado já nas vésperas de celebrar os seus 50 anos de existência, é fundamental apostar nos Diplomatas de Carreira para chefiar as Missões Diplomáticas de Cabo Verde”, refere, realçando que, em 2016, se estava prestes a atingir este patamar, com um único caso de um Chefe de Missão não Diplomata de Carreira.
Numa publicação no seu Facebook, Felisberto Vieira optou por não comentar “por imperativos da responsabilidade cívica e da coerência politica”, a proposta do Governo para ser Embaixador de Cabo Verde em Cuba e nem a recusa do Presidente da República. Também não se ateve ao comentário de Júlio Correia, que afirmou que ele tem perfil para ser candidato presidencial nos embates de 2026.
Defende Filú que estas são questões muito sérias e gravosas, que pondera com distanciamento emocional e que exigem auscultação e posição acertada, não descurando a análise prudente do xadrez político interno e, mais importante de tudo, a plena consciência de que possa ser ativamente útil para Cabo Verde. “A República precisa ampliar e modernizar a soberania, a democracia e o desenvolvimento. A todos e a cada um, dizer que estou tranquilo e sereno, preocupado com o andamento das coisas, mas sempre que possível disponível a dar o meu modesto contributo, em prol do bem comum”, assegura.
Acrescenta: “Penso muito particularmente no Centenário de Amílcar Cabral e no Cinquentenário da Independência Nacional, assim como penso no mundo em mudança a exigir de nós um Cabo Verde mais ousado e ágil no Atlântico Médio e uma Nação Global mais efetiva, algo que tardamos em realizar na sua plenitude. Penso em tudo isso com tranquilidade, serenidade e responsabilidade. Cabo Verde, onde quer que eu esteja, pela Liberdade, Igualdade, Fraternidade, será sempre a nossa Grande Causa. E mais do que isso, por ora, não digo!”.
Termina dizendo que no seu coração não mora nem rancor e nem ódio.