A Polícia Marítima apreendeu ontem à noite quase uma tonelada de peixe capturado por um bote na praia da Lajinha, zona balnear proibida para faina pesqueira. Os oito pescadores foram surpreendidos quando iniciaram o regresso à Praia d’Bote, no centro da cidade do Mindelo, com um carregamento de arengue e chicharro. Para os pescadores Rivelino Lima e Luís Tavares, alguma pessoa presente no local alertou os agentes da PM, que agiram rápido e interceptaram o bote quando estava a abandonar os limites da zona Sul da Lajinha.
Ambos estão cientes que transgrediram a lei por terem pescado no espaço destinado aos banhistas, mas explicam que resolveram atirar a rede nessa praia porque estiveram por horas a percorrer o mar da praia de Jôn Debra e arredores do ilhéu Djéu, mas sem sucesso. Quando estavam de regresso, com as mãos a abanar, viram um cardume na Lajinha e resolveram arriscar. “Chegamos por volta das 18 horas, nesse momento havia um pequeno grupo de pessoas na praia. Tivemos o cuidado de esperar até que todos saíssem do mar para atirarmos a rede. Mas fomos surpreendidos pela Polícia Marítima”, conta Rivelino Lima, responsável da pequena embarcação.
Pelas suas contas terão pescado mais de 700 quilos de peixes trançados e que poderiam render pouco mais de vinte contos. Como explica, o valor do pescado depende da procura, tanto assim que muitas vezes sequer conseguem negociar metade daquilo que capturam. Nesse caso, acrescenta Luís Tavares, o produto seria vendido principalmente como isca aos pescadores de pesca à linha.
Todo o pescado apreendido foi ontem à noite armazenado nos frigoríficos da empresa Atunlo para ser entregue a algumas instituições, entre as quais a cadeia da Ribeirinha. Segundo Pedro Lopes, Comandante da secção da Polícia Marítima do Mindelo, os infractores foram surpreendidos durante uma fiscalização de rotina. Para ele foi uma coincidência terem deparado com o caso em flagrante delito. Segundo este oficial da PN, os pescadores cometeram duas infracções ontem porque desrespeitaram uma ordem das autoridades marítimas a proibir a saída para o mar das embarcações devido a bruma seca e pescaram numa área interdita. Por isso, a Polícia Marítima vai elaborar o auto e encaminhar o processo ao Instituto Marítimo e Portuário para aplicação das medidas legais.
Segundo Lopes, o pescado apreendido atingiu os 800 quilos e era constituído essencialmente por arengue e chicharro. Além disso realça que o pescador Rivelino já tinha sido antes detido pelas autoridades marítimas na posse de oito garrafas de ar que eram usadas para pesca na baía de S. Pedro.
Os pescadores vão agora aguardar para conhecer a sua sorte. Estes esperam que sejam multados, mas que recuperem o bote o quanto antes para poderem regressar à faina. Ambos têm família e desde criança que vivem do mar. O certo é que aprenderam a lição e garantem que jamais irão atirar a rede numa zona de pesca proibida.
Kim-Zé Brito