O Primeiro-ministro parabenizou São Vicente, que celebra hoje 561 anos com “sentido de positividade”, e lançou um forte apelo aos actores políticos da ilha para a importância da estabilidade e da governabilidade da Câmara Municipal, em nome dos interesses dos munícipes e de Cabo Verde. Ulisses Correia e Silva aproveitou para responder algumas questões colocadas pela presidente da Assembleia Municipal, Dora Pires, que criticou a falta de uma “verdadeira democracia” na Câmara e na Assembleia, órgãos plural, conforme a vontade dos sanvicentinos. Também pediu ao Governo e a CMSV para cumprirem todos os projectos e promessas destinadas a ilha do Porto Grande.
O Chefe do Governo, que presidiu a sessão solene, fez questão de destacar que esta celebração do Dia do Município ocorre no momento em que S. Vicente e Cabo Verde conhecem a maior notoriedade internacional de sempre, com a Ocean Race e a participação do Secretario-Geral das Nações Unidas na Cimeira do Oceano. Para Correia e Silva, Mindelo é a escolha natural na localização das atividades marítimas e os impactos, diz, serão aproveitados no tempo. Mas, alguns já são perceptíveis na economia, designadamente a nível dos hotéis, restaurantes, serviços, comércio, artesanato.
“E queremos prolongar esta dinâmica, com o aproveitamento das infra-estruturas utilizadas. Estes eventos esta integrados numa estratégia de posicionar S. Vicente como um destino turístico de referência, pela sua capacidade de organização, morabeza e cultura que oferece para cobrir grandes eventos internacionais, sejam eles desportos náuticos, relacionados com a música, o Carnaval, teatro, artesanato, gastronomia, feiras empresariais, conferências e outros associadas a economia azul.”
Respondendo à presidente da AMSV que afirmou que S. Vicente deve estar permanentemente nas decisões da Câmara, do Governo, dos empresários locais e dos munícipes porque a ilha precisa de mais, mas que também apelou ao cumprimento dos projectos e promessas destinadas a esta ilha, o PM elencou um conjunto de projectos em curso ou concluídos, caso do terminal de cruzeiros que, afirma, aumentara significativamente o numero de turistas deste segmento relevante que visitarão a ilha. Citou ainda o turismo associado aos nómadas digitais, que já é uma realidade aqui mais precisa aumentar, o novo edifício do CNAD hoje um atrativo referenciado por revista internacionais e a nova centralidade que está a ser construída e criada na Baia das Gatas. Sobre esta estancia balnear, anunciou que falta apenas uma recarga de areia na praia e a iluminação pública para se fazer a sua inauguração.
Investimentos para Aeroporto Cesária Évora
Relativamente ao Aeroporto Cesária Évora, também alvo de Dora Pires, Correia e Silva garantiu que investimentos estão previstos no quadro da concessão recente celebrada com a Avanci, nomeadamente para a captação de voos nocturnos e internacionais. “Vamos também posicionar S.Vicente num domínio que é da sua tradição, que é a Economia Azul. Quero aqui dizer que a consolidação do Campus do Mar vai ser uma realidade, com a construção do seu Campus em termos de edifício de instalação. Vamos avançar com investimentos para reabilitar e qualificar a Cabnave para operações de reparação naval. O processo para a mobilização de financiamento está em curso”, pontuou.
Construir mais 250 habitações sociais, concluir o Parque Tecnológico, requalificar a Zona Industrial do Lazareto, construir o Centro Ambulatorial e a nova Maternidade do Hospital Baptista de Sousa, priorizar o o Centro de Saúde de Monte Sossego também foram referidos pelo Primeiro-ministro, que prometeu ainda continuar a colaborar com a CMSV na criação da Polícia Municipal. Em relação à este último, garantiu que o protocolo já foi assinado para formação, em conjunto com o Sal, porque esta polícia é importante para a autoridade municipal e para o cumprimento das posturas municipais.
“Gostaria de terminar apelando à estabilidade e governabilidade da Câmara Municipal de S. Vicente em nome dos interesses dos munícipes desta ilha e de Cabo Verde. Estamos no segundo maior município do país. A estabilidade e a governabilidade são garantidas em primeiro lugar pela dotação ao município do seu orçamento e do seu plano de actividades. Aqui a responsabilidade é partilhada por todos”, enfatizou, reforçando o apelo para a procura de soluções porque, disse, nenhuma das partes sozinha consegue resolver o problema. A responsabilidade é para com a ilha de S. Vicente, disse.
Mas Dora Pires, que começou por ministrar uma aula detalhada sobre a história da ilha do Porto Grande e do seu Santo Padroeiro, para além de criticar, prestou uma homenagem aos homens e mulheres e todos os que vivem ou escolheram São Vicente como porto seguro, apesar desta ainda continuar a procurar o seu lugar no arquipélago. Apesar de reconhecer que São Vicente perdeu notoriedade no contexto nacional, vê sinais positivos que, do seu ponto de vista, a concretizarem, podem ajudar a ilha a ganhar uma nova dinâmica económica, sobretudo a nível do turismo e dos seus envolventes. Trata-se de um nicho económico que, indica, afigura-se como um trunfo para o desenvolvimento sustentável.
Do lado da CMSV, o presidente substituto fez um longo discurso, focado essencialmente nas realizações e nos desafios de hoje e de amanhã da autarquia mindelense. Destacou ainda os ganhos nos mais variados sectores e nos projectos ainda por concretizar. Rodrigo Martins desenho igualmente as linhas de ações para uma vivencia saudável e harmoniosa assente nos pilares território, comunidade e normas, tendo em vista a melhoria dos serviços prestados aos munícipes de S. Vicente.
A sessão solene foi testemunhada pelo Ministro da Administração Interna, a Secretaria de Inclusão Social, o presidente da Associação Nacional dos Municípios, deputados nacionais, eleitos municipais, entidades militares e religiosas, representantes de serviços desconcentrados e convidados. Esta foi antecedida de um momento musical com Carmen Sousa e Edson Oliveira, que cantaram S. Vicente.