A nova estratégia de desenvolvimento sustentável de Cabo Verde resulta do esgotamento do modelo assente na ajuda externa e no endividamento para financiar infraestruturas que vigorou durante décadas no arquipélago, considerou o Primeiro-ministro na abertura da segunda sessão plenária de março. Se por um lado a agenda 2030 coloca importantes desafios que exigem políticas convergentes para acelerar o desenvolvimento, para Correia e Silva trata-se de uma meta que o país está empenhado a alcançar.
“Os Objectivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) e a Agenda 2030 colocam ao nosso país importantes desafios que exigem a transversalização e articulação de políticas económicas, sociais, educativas e ambientais convergentes para acelerar o crescimento económico, criar empregos, aumentar o rendimento das famílias e reduzir a pobreza com impacto em todas as ilhas”, elucidou Ulisses Correia e Silva.
Para o chefe do Governo, o objectivo é fazer de Cabo Verde uma economia de circulação no Atlântico-médio, garantir a sustentabilidade económica e ambiental, a segurança social e redução de desigualdades e assimetrias, reforçar a soberania e valorização da democracia.
“Cabo Verde possui condições favoráveis para uma boa inserção no Sistema Económico Mundial, que passam pela valorização do capital humano e sua qualificado através da educação e formação, valorização das especialidades do país, sua identidade, historia, cultura, abertura ao mundo e vasta diáspora. Mas também pela valorização da sua localização para competitividade entre Africa, Europa e Américas a nível económico e securitário. Passa também pela valorização da estabilidade política, institucional, social, económica e confiança nas relações com os investidores e com os parceiros de desenvolvimento.”
Transformar Cabo Verde num país com relevância no Atlântico-médio em termos económicos, de segurança e diplomacia, direcionado em três grandes eixos: UE como espaço económico, tecnológico e científico desenvolvido mais próximo, os EUA como aliado para a defesa e segurança, com particular incidência zona marítima nacional e a CEDEAO como espaço de integração econômica, com propriedade para um estatuto especial para Cabo Verde é outro objectivo estratégico elencado pelo Primeiro-ministro.
Em relação as vulnerabilidades ambientais e exposição a choques externos, Correia e Silva garante que o governo está a implementar respostas através do aumento da resiliência do sector agrário, com foco na mobilização da água para a irrigação, políticas de transmissão energética e de investigação agrária, redução da dependência de combustíveis fosseis. E ainda da fatura energética do país e estratégias de desenvolvimento rural assentes na diversificação da actividade económica nos municípios rurais, requalificação urbana e ambiental, formação e programas de empreendedorismo.
Esta intervenção do PM aconteceu no quadro do debate no Parlamento sobre os objectivos para desenvolvimento estratégico e Agenda 2030, depois de uma grande dificuldade em aprovar a ordem do dia. Chumbada por duas vezes, a agenda foi finalmente aprovada numa terceira tentativa, com 37 votos a favor do MpD, e 27 votos contra do PAICV (24) e da UCID (3).
Natalina Andrade (Estagiária)