Passagens aéreas online: CVA responsabiliza clientes e banca por dificuldades na compra com cartões electrónicos

A empresária mindelense Irina Silva Alves está revoltada com a companhia aérea Cabo Verde Airlines por ver frustrada as suas inúmeras tentativas para comprar passagens online para familiares que residem na Itália e que pretendem passar as férias de verão no país. Inconformada, esta diz que pediu ajuda a funcionários da companhia aérea de bandeira, da banca e da própria Sisp – Sociedade Interbancária e Pagamentos, mas de nada adiantou. Sequer conseguiu completar o processo, o que a obrigou a recorrer a agências, com custos acrescidos na compra dos bilhetes. Abordada pelo Mindelinsite, a transportadora CV Airlines responsabiliza a utente e a banca por não limitar operações de crédito aos seus clientes nas compras online.

Irina conta que foi abordada pelo irmão, emigrante em Itália, que pretende desfrutar as suas férias de verão em Cabo Verde, acompanhado da esposa e dos três filhos. Como é portadora de um cartão Vint4, ofereceu para adquirir as passagens a partir de São Vicente, aproveitando as facilidades que a Cabo Verde Airlines tem vindo a anunciar para compras online. “Entrei no site da companhia aérea e tentei fazer as reservas e comprar as passagens para a família em grupo. Infelizmente, após diversas tentativas sem sucesso decidi pedir apoio à da Cabo Verde Airlines ”, relata.

Apesar da boa-vontade e da insistência da funcionária da CVA, também não foi possível resolver o problema, pelo que Irina Alves foi aconselhada a procurar o Banco Comercial do Atlântico. “No BCA disseram que não havia nenhum problema com o meu cartão vint4 e que havia recursos suficientes para cobrir a compra de todas as cinco passagens aéreas. Tentei ainda fazer a operação através dos restantes bancos comerciais, mas sem sucesso. Fui então aconselhada a falar com a SISP para ver por que motivo a operação não estava a ser finalizada. Após várias tentativas acabei desistir. Tentei ainda com cartões dos restantes bancos, mas também não funcionou. Acabei por procurar uma agência de viagem, mas os bilhetes acabaram por ficar mais caros”, acrescenta Irina, que critica a CVA por divulgar um serviço que não funciona e a acusa de publicidade enganosa.

CV Airlines tira o corpo fora

Confrontada com esta acusação, a direcção da empresa em Cabo Verde, via uma agência de comunicação da CV Airlines em Portugal, responsabiliza a cliente e o seu banco, no caso o Banco Comercial do Atlântico, que, informa a agência, limita as compras online com os seus cartões no valor máximo de 20 mil escudos. “Nessa matéria, infelizmente, a Cabo Verde Airlines não pode ajudar o cliente, não obstante ter tentado e sugerido ao banco a alteração dessa medida, visto ser o único banco a fazer essa restrição”, esclarece, realçando que a CVA tem um protocolo com a SISP no sentido de não autorizar a concretização de vendas quando surgem detalhes duvidosos relacionados com pagamentos ou tentativas de fraude.

“O pagamento é a última etapa da venda, precisamente para separar do processo da oferta e gerir o processo de pagamentos – registo dos dados de cliente/dono do cartão, autorização e captura na conta da CVA – com a máxima segurança, tratando-se da utilização do chamado CNP – Cart Not Present”, acrescenta esta agência de comunicação da CVA.

Bagagens de porão: CVA 2, Binter 1

Já os emigrantes que pretendem passar as suas férias em Cabo Verde, a sua preocupação é com as bagagens. Fontes contactadas pelo Mindelinsite contam que, nos seus pacotes promocionais, a CVA estimula os clientes com duas bagagens de porão nos seus voos internacionais mas, após o desembarque no arquipélago, são barrados pela companhia que opera nas rotas domésticas, que tem outra política.

“A CVA oferece aos clientes nos seus voos para Cabo Verde a possibilidade de viajar com duas bagagens de porão e uma de mão. É tentador, tendo em conta que queremos trazer lembranças para familiares e amigos. Mas, quando aterramos no aeroporto da Praia, somos informados que, infelizmente, teremos de abdicar de uma malas porque a Binter só permite um volume. E sequer aceita o pagamento do peso extra”, lamenta um utente, para quem a CVA está a enganar os emigrantes, propositadamente.

Quanto a esta acusação, agência admite que a CVA oferece, sim, alguns preços que incluem duas bagagens, mas garante que isto acontece apenas nos voos e percursos operados pela companha, no quadro do contrato de transporte/bilhete emitidos com estas condições comerciais. Para os voos operados pela Binter, prossegue, o cliente, ao comprar o seu bilhete, as condições contratuais são as oferecidas por esta, pelo que a CVA não pode assegurar regalias diferentes. “Quando a CVA vende bilhetes da Binter actua apenas como um intermediário ou agente e não pode alterar as condições do transportador que é a Binter”, sustenta.

Já em relação as queixas de passageiros que querem viajar na rota Sal-Praia e que, não obstante a companhia aérea de bandeira realizar voos regulares nesta linha não vende bilhetes mesmo com cadeiras vazias – uma prática que, afirmam, visa apenas beneficiar a Binter – a agência argumenta que essas operações são única e exclusivamente para o posicionamento da aeronave para a operação dos voos Praia-Boston-Praia. “As ligações entre Sal e Praia são apenas para comercialização do tráfego internacional, isto é, Lisboa-Praia e Praia-Lisboa via Sal às quartas, sábados e domingos, e Paris-Praia e Praia-Paris via Sal às quartas-feiras”, esclarece a nossa fonte junto da CV Airlines.

Constânça de Pina

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