Os deputados do PAICV eleitos por São Vicente exigiram hoje do governo a realização de “investimentos urgentes” na Cabnave para que não seja colocado em risco o serviço prestado à marinha mercante e a segurança dos próprios trabalhadores. João do Carmo, acompanhado por Josina Freitas, denunciou, por outro lado, uma divida do Estado de cerca de um milhão de euros para com os estaleiros navais, o que dificulta ainda mais a actividade da empresa.
Segundo João do Carmo, o PAICV está preocupado e farto das promessas deste governo do “vamos fazer”. “Precisamos de um governo que resolva os problemas e vá ao encontro das expectativa dos cabo-verdianos. Já não aceitamos o governo dizer que vamos fazer investimentos na Cabnave porque os estaleiros navais carecem de investimentos urgentes, sob pena de estar em causa o serviço prestado e que poderá ter impacto na marinha mercante cabo-verdiana”, declarou este eleito nacional, em resposta à pergunta dos jornalista sobre as recentes promessas do Primeiro-ministro.
Para o deputado, caso estes investimentos não sejam feitos agora, a marinha mercante será, em breve, obrigada a recorrer às instalações navais das Canárias ou do Senegal para poder estar de acordo com as leis cabo-verdianas de navegabilidade. “A falta de investimentos em instalações obsoletas, faz com que a cada dia a empresa deixa de ter capacidade para fazer os procedimentos de manutenção normal. Obviamente, isto tem risco na segurança dos trabalhadores”, reforçou João do Carmo.
Nesta visita de circulo realizada de Maio, os deputados reuniram-se também com representantes dos marítimos, na sequencia das declarações do vice-presidente do Grupo ETE. O deputado lembrou que o PAICV acompanhou o processo de concessão dos transportes marítimos desde o inicio e mostrou a má condução e todas as irregularidades. E hoje, prossegue, a concessionária passa por situações difíceis para desespero dos gestores. Mas nada justifica utilizar o argumento de sabotagem para desculpar a incapacidade de resposta às demandas do mercado do sector dos transportes de passageiros e carga. Por isso, junta a sua voz ao dos marítimos para exigir um pedido de desculpas públicas à esta classe.
O atraso no pagamento dos salários ao grupo de 26 enfermeiros que trabalha sem contrato e sem Segurança Social no Hospital Baptista de Sousa e as dificuldades de agendamento de pedidos de vistos no Centro Comum de Visto foram outras preocupações levantadas por este estes deputados. Sobre este último, em particular, João do Carmo questiona a qualidade do serviço prestado, em plena século XXI e diz que os mindelenses têm neste momento saudades das filas de espera no Consulado de Portugal e do excelente serviço prestado pela ex-Cônsul Rosália Vasconcelos. “Entendemos que o Governo pode e de estabelecer relações diplomáticas com os países que fazem parte do Centro Comum de Visto e resolver, urgentemente, esta questão”, diz o deputado.
Do Carmo criticou, de forma directa, o embaixador de Cabo Verde em Portugal que, recentemente, defendeu os serviços consulares estrangeiros, mas esqueceu de proteger os cabo-verdianos. “Este é um serviço que os cabo-verdianos utilizam e tem de ser de qualidade. O papel do embaixador deveria ser a defesa de um serviço de qualidade que deve ser prestado pelo CCV para que os cabo-verdianos não passem por aquilo que estão a passar, É uma vergonha”, enfatizou.
Questionado se a mudança de gestão pode resolver os problemas do HBS, o deputado mostrou-se céptico. Isto porque, disse, há problemas de fundo, que passam pela necessidade de investimentos nas instalações antigas do hospital, conforme defendeu no Parlamento. Investimentos nas instalações, mas também em mais profissionais. Mesmo assim, aproveitou para desejar bom trabalho à nova direção do hospital, na expectativa de um serviço aos sanvicentinos e ao povo do norte do país.