O presidente da Comissão Política Regional do PAICV apelou hoje ao Governo e à Câmara Municipal de S. Vicente para acudirem as famílias afectadas pelas chuvas deste final de semana. Alcides Graça responsabiliza principalmente o edil Augusto Neves, que responde pelo pelouro do urbanismo, pelos casos de inundações, enxurradas, desabamentos e alojamentos por causa da atribuição de lotes nas ribeiras que bloquearam o caminho da água.
Alcides Graça explica que, numa ronda feita na sequência das últimas precipitações, constatou fragilidades urbanísticas graves que contribuíram para as inundações, enxurradas e desabamentos e desalojamento de famílias. “Se, por um lado, não podemos prever as consequências da força da natureza, por outro, temos obrigação, enquanto cidadãos e políticos com responsabilidade ao nível da proteção civil, de não contribuir para o agravamento das condições urbanísticas das nossas cidades”, diz.
Em causa, a atribuição de lotes nas ribeiras bloqueando o caminho da água está a contribuir para o perigo que força da natureza pode representar com queda de chuvas fortes. “Quem concede um lote de terreno tapando o caminho da água da chuva, encravando uma moradia, sabe que em caso de chuva a família corre risco de vida e deve ser responsabilizado pelas consequências inerentes. Quem concede lotes de terrenos nas encostas sem um plano urbanístico e sem criar todas as condições de segurança está a contribuir para o perigo de vida das famílias em caso de chuva”, declara.
Graça critica o silêncio dos responsáveis da ilha em relação aos estragos provocados pelas chuvas em São Vicente, sendo que muitas famílias ficaram desalojadas, as cheias invadiram casas levando todos os pertences, destruíram paredes, abalaram casas que cederam e estão em perigo de derrocada. “Muitas pessoas estão literalmente na rua porque têm medo de regressar as suas casas sem roupa e sem comida. Há muitas habitações cujos tetos estão, neste momento, em risco de desabar. Outras pessoas ainda têm as suas habitações inundadas”, descreve, lançando um apelo ao Governo no sentido de acudir estas famílias em situação difícil.
Este responsabiliza principalmente o presidente da CMSV, que acumula o pelouro de urbanismo, pela cedência de lotes de terrenos nas ribeiras e que contribuíram grandemente para a situação vivida em Chã de Alecrim e Madeiralzinho, e também nas encostas de S. Vicente. Condena igualmente o Governo que, afirma, já fez o balanço das chuvas apenas em Santiago, Fogo, Santo Antão, deixando S. Vicente de fora. Pede por isso que seja feito um levantamento nesta ilha para que as famílias possam ser acudidas.
Face à ameaça de novas precipitações, o presidente da CPR do PAICV diz que os mindelenses estão com o credo na boca, com medo de uma segunda vaga de chuvas com a mesma intensidade da primeira, apontando como zonas de risco Cruz de Papa, Lombo de Veneno, Madeiralzinho. Este não tem dúvidas que o sistema de drenagem não funcionou, com uma contribuição do município de S. Vicente que tapou o caminho de água.