PAICV nega ter feito acordo com MpD para viabilizar AMSV e enfatiza que não estava à espera de “compensação” na atribuição dos pelouros

O presidente da Comissão Política do PAICV em S. Vicente enfatizou hoje que em nenhum momento este partido estabeleceu qualquer acordo com o MpD, visando interesses partidários ou pessoais, em troca da composição da Mesa da Assembleia Municipal, que ficou presidida por Helena Fortes. À semelhança das declarações feitas ontem pelo vereador António “Patcha” Duarte, na sequência da rejeição pelo PAICV da proposta de atribuição dos pelouros pelo edil Augusto Neves, este porta-voz reforçou que houve apenas um “entendimento pontual” entre “tambarinas” e “ventoinhas” para permitir o funcionamento normal da AMSV, dado que não foi possível outros acordos, designadamente com a UCID.

Adilson Graça reconhece que o PAICV tentou chegar a acerto com a UCID para se aplicar a fórmula usada no mandato anterior, que possibilitou a escolha dos democratas-cristãos para liderar a AMSV, mas reconhece que desta vez não foi possível o entendimento. Isto porque, explica, o PAICV estava à espera que a UCID aceitasse desta vez viabilizar a presidência da Mesa a seu favor, mas afirma que os democratas-cristãos queriam de novo comandar a Assembleia Municipal, quando desta vez passou a ser a terceira força no xadrez político da edilidade mindelense. “Convém dizer que a posição da UCID se revelou intransigente, inflexível e com a atitude de serem os únicos capazes de assumirem a presidência da AM”, sublinhou, deixando claro que o seu partido não poderia se subalternizar perante a UCID.

Em conferencia de imprensa, Graça negou que tenha havido entendimento que viabilizasse a presidência da AMSV à UCID. “Tal é falso e constitui má fé por parte de qualquer pessoa ou instituição que venha dizer o contrário. Tanto o PAICV como a UCID mantiveram-se nas suas posições iniciais”, sublinhou, repetindo que o entendimento com o MpD visou apenas evitar a paralisação da Assembleia Municipal e a subsequente demora no empossamento dos órgãos eleitos.

Adilson “Didi” Graça afirma que não houve e não haverá qualquer casamento com o MpD. Deixou claro que os dois partidos são adversários em São Vicente e em Cabo Verde porque têm uma visão diferente de governação, na forma de gerir a coisa pública e de resposta às demandas da sociedade. Salienta que a UCID tem falado de um “casamento contranatura”, mas que não existe. “… e temos que lembrar aos sãovicentinos que, ao longo dos tempos, esse casamento tem existido sim entre o MpD e a UCID, quer a nível da governação da CMSV (2008 – 2012), como a nível governamental com a viabilização de propostas e diplomas altamente penalizadoras para o país e para os cabo-verdianos”, referiu Adilson Graça, lembrando que foram os democratas-cristãos que viabilizaram o Orçamento da CMSV para 2025, apesar de ser o mesmo documento que o MpD apresentou em 2021, 2022 e 2024.

“Inspirar” a atribuição dos pelouros

Sobre a proposta de atribuição dos pelouros apresentada ontem na primeira reunião dos vereadores, Adilson Graça admite que o seu partido estava à espera que a postura do PAICV na sessão da AMSV “inspirasse” Augusto Neves no sentido de uma indicação dos pelouros que observasse a “dignidade” dos partidos, as áreas de formação e competências profissionais de cada um dos vereadores eleitos nas 3 listas e ainda a integração das melhores propostas de todas forças políticas no projeto de desenvolvimento de SV.

Questionado se o PAICV estava à espera de uma “compensação” de Augusto Neves, negou essa ideia, preferindo acentuar que a expectativa era que o edil distribuísse os pelouros com base nas competências profissionais dos vereadores. Na sua visão, um dos aspectos que mais tem travado o desenvolvimento de S. Vicente é a prática da atribuição e pelouros fora do âmbito da formação profissional dos vereadores.

Dentro de duas semanas, a pauta dos pelouros voltará a ser discutida pela vereação da CMSV. A grande pergunta é se Neves vai fazer adaptações capazes de fazer a expectativa dos vereadores do PAICV, visto que a UCID não mostrou interesse em assumir pelouros. Segundo Adilson Graça, se o cenário não mudar, o PAICV vai manter os seus vereadores no activo na CMSV, fazer o seu papel fiscalizador, colaborar se as propostas beneficiarem S. Vicente e sancionar quando for preciso.

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