O PAICV abriu o ano politico esta sexta-feira em São Vicente com apelos à união e com a promessa de apresentar um candidato a altura das expetativas e com a “cara de São Vicente” para disputar a Câmara Municipal nas próximas eleições autárquicas. Neste sentido, o líder Rui Semedo pediu aos mindelenses para avaliarem os ganhos que a ilha conseguiu com a governação do MpD, já que o partido nunca foi poder a nível local. Disse que o PAICV tem vontade de ganhar aqui na ilha, mas só interessa vencer se S. Vicente ganhar.
Com o anfiteatro Centro Cultural do Mindelo repleto de dirigentes locais e nacionais, militantes, simpatizantes e amigos, o presidente do PAICV começou por saudar todos os presentes, em especial os Combatentes da Liberdade da Pátria, através de Olívio Pires. Prestou igualmente um reconhecimento público à geração de Amílcar Cabral, responsável pelo processo da construção do Estado de Cabo Verde, da libertação, da independência e da Nação cabo-verdiana.
Num discurso voltado para dentro, desafiou o partido à abrir-se mais ao dialogo, às criticas e sugestões. “Um partido mais aberto tem maior capacidade de mobilização, de influenciação e de ter melhores resultados eleitorais, advogou Rui Semedo, frisando que na politica são constantemente desafiados ao diálogo e à construção de pontes para se chegar ao entendimento para se chegar a situação na Câmara de São Vicente onde, diz, falhou o diálogo, a busca de entendimento e a construção de ponte. “Qualquer tentativa para se responsabilizar a oposição é falha porque a responsabilidade de construir pontes, buscar o diálogo e o entendimento é de que tem o poder.”
Depois de anos de governação do MpD, afirma, este é o momento de avaliar o que São Vicente ganhou. “Mas esta avaliação não pode ser feita apenas pela PAICV. Temos de fazê-lo com o povo, com os eleitores de São Vicente. É o povo quem decide. O PAICV tem uma grande vontade de ganhar esta ilha, mas a nossa vontade não chega. Temos de convencer os eleitores. E é possível sim, com muito trabalho, ter um São Vicente que orgulha dos seus governantes e do seu poder local”, garantiu.
Mas um poder local diferente, voltado para o desenvolvimento. “S. Vicente precisa de nós e temos de ser capazes de dar a uma liderança à ilha. Um presidente de Câmara Municipal tem de ser um verdadeiro líder. Ele tem responsabilidades maiores do que os membros do governo porque é ele quem aponta os caminhos. Tem de ter uma visão facilitadora , uma visão construtiva e mobilizadora do desenvolvimento da ilha. Fica este desafio para o PAICV de convencer os eleitores de que é capaz de mobilizar todas as forças e vontades para o desenvolvimento desta ilha”. Isso porque, afirmou o presidente do PAICV, “só interessa ganhar São Vicente, se São Vicente ganhar. É isso que temos de convencer os eleitores. Queremos ganhar para São Vicente ganhar um outro estatuto a nível nacional.”
Antes, o presidente da Comissão Politica Regional disse acreditar que este é o momento do PAICV levantar, com ajuda e vontade de todos, exercendo militância ativa e a sério. Lembrou que esta abertura politica acontece num momento em que S. Vicente vive um flagelo político, económico e social, cuja origem está na Câmara, liderado por um presidente que nunca aceitou os resultados das eleições autárquicas. “Não há cultura democrática do lado presidente e do seu partido. O PAICV sempre procurou o dialogo, o entendimento e ajudar a resolver o impasse, a bem de S. Vicente. infelizmente, vamos chegar a 2024 com 14 anos perdidos. Se olharmos para trás não conseguimos encontrar um marco da governação do A. Neves. A nossa edilidade não aportou nada para a ilha”, indicou Adilson Jesus, para quem, a esta situação junta-se os problemas com a governação nacional, que tem exigido o sacrifício de todos os cabo-verdianos, com um impacto duplo em S. Vicente porque a Câmara defende os interesses da ilha e das suas gentes. “Em termos sociais, somos uma das ilhas mais frágeis.”
Por isso, entende este politico, o PAICV não pode dormir, não pode pensar que é normal. “O PAICV tem de estar presente, tem de dar a cara. O PAICV tem de sentir que pode constituir uma alternativa. E temos todas as condições para isso. Sabemos que não é fácil porque S. Vicente tem uma situação politica diferente das restantes ilhas. Nunca fomos poder aqui e estamos a vir de um score eleitoral muito baixo, mas acredito que podemos apresentar algo que pode surpreender esta ilha”, ressaltou.
Surpreender, diz, com uma candidatura que vai ao encontro das expetativas dos sanvicentinos, jovial, novo e diferente para o panorama autárquico. “S. Vicente tem sido inovador e criativo em muitas coisas. Podemos trazer isso para a politica. Temos de estar preparados para assumir esta responsabilidade.”