O PAICV cancelou uma marcha pelas ruas da cidade do Mindelo alusiva ao 5 de Julho para não colidir com a manifestação popular promovida pelo movimento cívico Sokols, no período da manhã. Segundo Alcides Graça, o partido não vai tomar parte nesse protesto, porque, na sua óptica, as forças políticas têm de dar espaço à sociedade civil para expressar o que lhe vai na alma, mas assegura que estará atento aos impactos dessa movimentação.
“Enquanto partido observamos, mas não tomamos parte na actividade. É certo, no entanto, que o PAICV é crítico ao sistema de administração pública instaurado no país, por não favorecer o equilíbrio entre regiões. Este modelo está esgotado, por isso somos a favor da Regionalização, que pode potenciar as diversas ilhas”, considerou Alcides Graça quando questionado esta manhã sobre a posição do PAICV no tocante a motivação de mais esse sinal de revolta da sociedade civil mindelense.
Graça emitiu esse comentário durante uma conferência de imprensa convocada pela região política do Mindelo exactamente para falar das celebrações do dia da Independência Nacional. Como enalteceu, esse partido quer recentrar a comemoração do dia 5 de Julho na sociedade civil e combater a ideia de que se trata apenas de mais um feriado nacional. Segundo Alcides Graça, esse marco foi transformado num mero acto oficial que decorre dentro de quatro paredes, o que, na perspectiva desse representante do PAICV em S. Vicente, tem excluído o povo das celebrações. Como resultado, diz, a nova geração não sente nenhuma emoção em comemorar aquele que, nas suas palavras, é a maior conquista de Cabo Verde.
“Não temos dúvidas de que é a maior conquista deste país, pelo que deve ser celebrada de forma efusiva”, defende Graça. É neste sentido, prossegue, que o seu partido decidiu preparar um programa para mudar o quadro vigente. Sob o lema “5 de Julho, nos orgulhe de certeza”, o programa inclui provas desportivas, como um torneio de futebol de veteranos, corridas de ciclismo e atletismo e uma feira de artesanato tradicional na Praça Nhô Roque.
As actividades irão também decorrer “entre quatro paredes” como as conferências “As conquistas de Cabo Verde pós-Independência”, proferida por José Maria Neves, e “A literatura cabo-verdiana como instrumento de intervenção”, tema que será explanado pela professora Isabel Lobo e o antropólogo Moacyr Rodrigues. Está ainda prevista a inauguração de uma sala de leitura com livros especializados em política africana.
O momento foi aproveitado pela imprensa para saber como está a decorrer a escolha dos candidatos do PAICV à Câmara de S. Vicente, processo que deveria estar pronto em finais de Maio. No entanto, numa altura em que Augusto Neves já anunciou a sua disponibilidade em concorrer a mais um mandato, o partido da estrela negra ainda não definiu quem vai enfrentar a corrida ao Paços do Concelho.
A decisão deveria ser anunciada até finais de Maio, pelo menos a nível interno, mas, segundo Alcides Graça, houve mudanças no processo. Agora, diz, os nomes dos candidatos a presidente da Câmara e da Assembleia-Geral da CMSV só serão conhecidos no início do próximo ano. É que, como explica, o Conselho Nacional decidiu que as regiões políticas devem fazer as eleições da nova direcção em Dezembro e só depois apontar abordar o dossier autárquicas. Pelas contas de Graça, os nomes só serão conhecidos em Fevereiro ou Março de 2020, já que está previstas previstas as eleições nacionais em Janeiro e um Congresso em Fevereiro.
KzB