PAICV acusa Augusto Neves de continuar a gerir a CMSV sem transparência e de ser o principal entrave ao desenvolvimento de S. Vicente

O líder do PAICV em S. Vicente acusou hoje o edil Augusto Neves de liderar uma Câmara inoperante e de ser o principal entrave ao desenvolvimento da ilha nestes últimos 15 anos. Adilson Graça reforçou durante uma conferência sobre o “estado do município” que, apesar dos sucessivos mandatos do MpD, não se conhece uma única política pública da CMSV para responder aos problemas candentes da ilha, não se vislumbra uma única ideia transformadora da autarquia e fica difícil também descortinar como Augusto Neves pretende mobilizar o conhecimento técnico dos mindelenses para o desenvolvimento.

Decorridos 7 meses do actual mandato, Augusto Neves, segundo essa fonte, continua a gerir a autarquia de forma despótica e intransparente e a consolidar a posição da CMSV como a mais obscura de Cabo Verde. “O interesse público há muito deixou de ser o móbil da CMSV. Tudo é feito às escuras e em privilégio de pessoas e grupos bem identificados, relacionados com o partido do presidente”, denuncia o presidente da Comissão Política do PAICV em S. Vicente.

Sendo mais específico, Adilson Graça afirma que Neves continua a esconder as contas relativas aos principais eventos culturais realizados em S. Vicente, como o “Baía das Gatas”, Carnaval, São Silvestre e San Jôn. Salienta que ninguém sabe quanto é gasto e quem são os financiadores – “os tais amigos do sr. Presidente que não querem dar a cara”. “É preciso lembrar que a gestão financeira de qualquer instituição pública deve ser clara e transparente”, relembra.

Nesta senda, criticou ainda a forma como a CMSV tem feito a gestão dos solos. Um processo, segundo Graça, sem transparência e que tem empurrado as pessoas mais pobres para as encostas das periferias, gerando autênticos guetos. Sublinha que tem havido casos de venda de um mesmo terreno por mais de uma vez, pratica que tem gerado conflitos.

A cedência de um passeio em Monte Sossego a um privado e a desconfiança de ter acontecido a mesma coisa com o parque fitness da praia da Lajinha foram outros aspectos trazidos à baila. Graça deixou claro que o PAICV não é contra o investimento privado, mas desde que não venha subjugar o interesse público.

Das visitas ao terreno, a equipa do PAICV constatou in loco o estado de abandono do parque fitness do Lazareto, um amplo terreno situado à beira-mar dotado de campos e equipamentos desportivos. Porém, diz, o espaço está bastante degradado e salienta que algumas pessoas têm a percepção de que esse abandono é propositado. “… claramente há o receio de virmos a ter surpresas neste espaço”, frisou Adilson Graça.

Pedido para clarificar melhor este comentário, se há alguma suspeita da entrega desse terreno a privados, o porta-voz garantiu que não dispõe de nenhuma informação neste sentido. Salientou, no entanto, que as pessoas questionam o motivo da degradação desse equipamento social, cujo piso está esburacado, os materiais de treino degradados e os campos invadidos por areia.

No desporto, Adilson Graça revelou que o polidesportivo da Zona Sul – na ribeira de Horta Seca -, cuja primeira pedra foi lançada em novembro de 2024 durante as campanhas eleitorais, dispõe ainda de apenas uma placa, sem referência a datas, orçamento e a financiador. Aliás, Adilson Graça afirma que a CMSV não tem uma política para a juventude e tampouco existem investimentos em equipamentos desportivos e iniciativas de promoção da prática desportiva. “S. Vicente vai perdendo aos poucos o estatuto de ilha de campeões e os agentes desportivos têm apontado a falta de espaços condignos para a prática desportiva como a principal causa. Isto associado à falta de financiamento ao desporto por parte da CMSV”, salienta. Lembrou ainda que os campos de futebol de Ribeirinha e Calhau nunca mais passaram das primeiras escavações e em S. Pedro, diz, o campo não serve as necessidades da equipa local.

Outros aspectos denunciados na conferência de imprensa foram a situação crítica da rede municipal de esgotos, o crescimento exponencial e desordenado da lixeira municipal da Ribeira d’Julião, o surgimento da lixeira do Norte da Baía, a falta de análises laboratoriais da água da ETAR, perda de dignidade do cemitério…

Em relação à própria Câmara, Adilson Graça afirmou que reina um ambiente profissional “persecutório”, com casos de trabalhadores colocados nas prateleiras ou punidos por motivos insignificantes. “… todos subjugados à Lei de Gust.”

Por tudo isso, Graça diz que, se Augusto Neves não consegue dar resposta às demandas e expectativas da população de S. Vicente, que se afaste e dê espaço a outro capaz de imprimir um ritmo e vontade diferentes.

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