O parlamentar Orlando Dias, eleito pelo MpD, recorreu à sua conta no Facebook para enviar recados ao Governo. Sem nunca abordar directamente os recentes aumentos salariais no Conselho de Administração do Banco de Cabo Verde, que estão a indignar os cabo-verdianos, Dias afirma que o Governo continua gordo, mas a fazer, entretanto, apelo à compreensão dos que ganham menos.
De acordo com o deputado, há três meses o Primeiro-ministro declarou situação de emergência social e económica no país. Na ocasião, diz, este acionou junto dos parceiros internacionais de Cabo Verde os mecanismos necessários para a mobilização de recursos tendo em vista dar combate à crise. Ainda na mesma ocasião, prossegue, o chefe do Governo fez um apelo aos cabo-verdianos para que economizassem nos consumos de eletricidade, de gasóleo e gasolina, e que fizessem um esforço de poupança individual e familiar. Também apelou, no mesmo sentido, à administração do Estado.
“Pelos vistos, os nossos parceiros internacionais acolheram bem o pedido e, ao que julgo, terão aberto as mãos a novos recursos. É que, como se sabe, manter ‘um exemplo de democracia em África’ tem alguns custos, nada de mais para os bolsos bem recheados das chamadas democracias ocidentais”, escreve em tom irónico, indagando o que terão pensado os cabo-verdianos do apelo do PM à poupança, quando não há por parte deste e do Governo um sinal neste sentido.
Segundo este político eleito pelo partido no poder, os cabo-verdianos também não esquecem as declarações da segunda figura do Executivo, no caso o Ministro das Finanças, a propósito de aumentos salariais para os que menos ganham, argumentando que o país, de momento, não teria condições para tal. Salienta, entretanto, qeue o Governo continua gordo e a fazer apelos à compreensão dos que menos ganham, ao mesmo tempo que se assiste a mãos abertas para quem mais tem. “Ora, isto é incompreensível para a esmagadora maioria das cabo-verdianas e dos cabo-verdianos!”, reforça.
Inconformado, este político afirma que tem apresentado reiteradamente no Parlamento propostas para a contenção da despesa pública, que esbarram nas orelhas moucas dos poderes instalados. Dias conclui dizendo que, ao que lhe parece, ninguém do Governo e do seu entorno evidencia perceber uma coisa tão simples como esta: se o Estado não der o exemplo na contenção das despesas, não tem moral para pedir sacrifícios às cabo-verdianas e aos cabo-verdianos.