“Ocean Race”: Autoridades criam zona de segurança na baía do Porto Grande e contingente da PN em S. Vicente reforçado com 60 agentes

A Ocean Race Cabo Verde preparou um “grande plano de segurança” para receber a passagem inédita da famosa regata pelo Porto Grande do Mindelo, desde a chegada do primeiro veleiro previsto para sexta-feira à noite até a partida dos velejadores no dia 25 de janeiro. Considerada a “formula 1 dos mares” a nível mundial, de acordo com Bruno Santos, director de Operações de Mar da Ocean Race, estará de prontidão na cidade do Mindelo um efectivo enorme quer da Guarda Costeira quer da Polícia Nacional – que teve um reforço de 60 agentes da Capital -, devidamente equipados, para ajudar a manter a segurança tanto em terra como no mar. 

Estas informações foram avançadas na tarde de ontem em conferência de imprensa por este responsável, que veio de Portugal especialmente para apoiar as autoridades nacionais tendo em conta que, como diz, no seu currículo constam três presenças na organização da referida competição nesse país. No mar, principalmente no momento da chegada dos veleiros, Bruno Santos explica que vão tentar fazer com que barcos de fora da regata não interfiram e, principalmente, que não haja incidentes com os veleiros ou com outras embarcações, inclusive com a comunidade piscatória. 

“O IMP e a Capitania dos Portos de Barlavento emitiram um edital com um aviso aos navegadores que, no fundo, criou uma zona de navegação condicionada entre o Ilhéu dos Pássaros e o Porto Grande. Iremos fazer uma supervisão, junto com as autoridades marítimas locais, por forma a que barcos não identificados e que não sejam da regata não permaneçam nesta zona e resultam em eventuais acidentes”, explicou este responsável, que pediu o apoio da imprensa para fazer passar a mensagem e fazer com que chegue sobretudo às comunidades piscatórias de S.Vicente e Santo Antão. 

Para que não haja imprevisto, Bruno Santos explica que a Ocean Race Cabo Verde está em contacto com todos os barcos da marinha mercante, mas também com a Enapor para que haja a devida segurança na área delimitada – um quadrado com pouco mais de 1 milha náutica – a ser utilizada pelos veleiros. “A ideia não é proibir os pescadores ou os navios de continuarem a sua actividade. Queremos é criar as condições de segurança para que todos possamos usufruir da regata e da Ocean Race”, enfatizou, lembrando que cada veleiro terá a sua recepção à chegada. “Como curiosidade, depois de estarem seis dias no mar a comerem comida pré-preparada, vão ser recepcionados com uma cachupa para que se sintam acolhidos.”

Em terra, após a chegada, está prevista uma grande recepção de Cabo Verde aos veleiros, com eventos culturais e educativos, feiras de artesanato e de ciências, restauração, espetáculos com artistas nacionais, durante os dias em que a regata estiver na ilha. Outro momento importante será a largada, no dia 25. “Vamos começar com o ‘Sailos Parade’ em que os velejadores caminham para os barcos e partem do porto, rumo a Cape Town na África do Sul. Todas estas actividades deverão começar por volta das 13 horas para a primeira classe, V065, e duas horas depois para a classe Imoca. As largadas estão marcadas para as 15 e às 17h, respectivamente.” 

Equipa Ocean Race Cabo Verde e parceiros

Bruno Santos realça que, desde a partida de Alicante, no dia 15 de janeiro, os 10 veleiros têm feito em média 300/400 milhas náuticas por dia – o recorde se aproxima das 700 milhas – sendo que a performance depende das condições do mar, do vento e da direcção para onde pretendem ir.

Cultura e educação 

Enquanto responsável pela logística da Ocean Race Cabo Verde, coube a Ivan Santos apresentar a programação, que comporta uma vertente lúdica com workshops de reciclagens, feiras de artesanato e de ciências, e shows de artistas todos os dias com Ceuzany, Os Tubarões, Dieg, Batchart e Élida Almeida. Haverá ainda apresentação de grupos de Carnaval, performance de Colá San Jôn e de mandingas com Jennifer Solidad, roda de samba, bateria Ritmo do Norte, ainda de Anisio e Constantino Cardoso.

Yara Rodrigues, responsável do programa “Aprendizagem da Ocean Race”, destacou por seu turno a importância do desporto e a educação andarem de mãos dadas. Neste sentido preparou programas educacionais direccionados para crianças dos 6 aos 12 anos e que, afirma, abordam as diferentes dimensões dos oceanos, deste a poluição marinha relacionada com o plástico e com a perda da biodiversidade, diminuição do número de espécies e questões afins. Serão contempladas cerca de 1.100 crianças do ensino básico e secundário de São Vicente e Santo Antão.

“Preparamos programas educacionais adequados para escolas, mas também para a comunidade, aprendizado em casa e para equipas com temáticas relacionadas ao oceano. Importa enfatizar que os recursos do programa Learning da Ocean Race correspondem a uma extensa documentação de actividades relacionados com o cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, principalmente os relacionados com a qualidade da Educação (4), mudanças climáticas e interconexão com as cidades (11 e 13) e vida debaixo da água (14)”, detalha esta responsável.  

De referir que o voluntariado estará bem presente neste evento, através de um programa coordenado por Celeste Fortes, que abarca jovens de São Vicente e Santo Antão, e que conta também com voluntários de fora. De 140 inscritos, 120 foram selecionados para integrar esta família.

Dizer ainda que stopover em Cabo Verde terá uma agenda paralela com a realização, no dia 23, da Ocean Race Summit, evento em que é esperada a presença do Secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, para além do Primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, do homólogo português, António Costa, membros do governo e personalidades de relevo internacional, como são os casos de Mitú Monteiro e Josh Angulo, campeões mundiais de kitesurf e windsurf, respectivamente.

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