Ministro do Mar e embaixadora da UE redesenham em SV prioridades para o sector da Economia Azul

O Ministro do Mar garantiu à imprensa, no término de um périplo guiado pelo Complexo de Pescas da Cova de Inglesa, que o convite feito a embaixadora da União Europeia para visitar São Vicente teve como principal propósito redesenhar as prioridades para o sector da economia azul. Outro objectivo subjacente, disse Abraão Vicente, é a implementação da Zona Económica Especial Marítima (ZEEMSV) para se perceber as industrias que já existem, a potencialidade de desenvolvimento de negócios para o futuro e reforçar o foco nas pescas. 

“Começamos esta visita pelo Complexo de Pescas para percebermos o modelo daquilo que falamos quando referimos a pontos de transbordo nas ilhas do Sal e de Santo Antão (Tarrafal), mas também quando pensamos no complexo de pesca que está a nascer em São Nicolau. Entendemos que Cabo Verde, como um território fragmentado, precisa de postos de apoio para a nossa pesca semi-industrial  por forma a aumentar a eficiência das nossas embarcações”, clarificou o governante, destacando que trouxe a embaixadora para visitar S. Vicente para redesenhar aquilo que são as prioridades de Cabo Verde para o sector da Economia Azul. 

Para Abraão Vicente, ao invés de falar de conceitos que parecem abstratos, vão central naquilo que o arquipélago já tem, no caso, na pesca, na aquacultura e na transformação, mas também na capacidade da industria pesqueira nacional e criar postos de trabalho. Sobre este particular, frisa, com foco em desenhar novas linhas de cooperação no sentido de financiar esta industria semi-industrial em Cabo Verde. 

Aproveitou para anunciar que, no OE para 2022, o Governo já consegue reverter algumas das consequências negativas da pouca atratividade fiscal que existia no país até a bem pouco tempo e o resultado são alguns barcos que começam a contactar a Direcção Nacional das Pescas para o seu embandeiramento aqui no país. “Este é um processo que nos pode ajudar também a reverter este ciclo de assinatura de derrogação de origem com a União Europeia. Estamos a fazer um trabalho de fundo para que, nos próximos tempos, a pesca tenha pujança a nível nacional, mas também para reforçar o papel de S. Vicente”, afirmou, lembrando que a pesca é a grande industria exportadora de Cabo Verde, representando cerca de 80% do total.

Complexo de Pesca

 

Lembrou, por outro lado, que as grandes industrias do sector estão sediadas em São Vicente. No entanto, há uma enorme dificuldade m fazer com que o pescado das grandes bancas de pescas chegam com qualidade nesta ilha. É preciso dispersar, criar novos pontos e fazer com que a industria pesqueira de SV tenha acesso as bancas que estão mais longe, através de pontos de transbordos em S. Antão e no Sal. Questionado sobre a reivindicação da Associação dos Armadores de Pesca (APESC), de implementar energias limpas no Complexo de Pescas para reduzir o custo do gelo, que é um dos mais caros de Cabo Verde, Abraão Vicente, garantiu que esta é uma questão transversal a nível nacional e anunciou um projecto conjunto entre o Governo e a concessionaria para transformar o espaço em um “Complexo verde”, através da energia solar, similar ao que já está a ser implementado no complexo que está a ser construído no porto do Tarrafal da ilha de São Nicolau. 

Já sobre um possível alargamento do porto de transbordo de S. Vicente, uma outra reivindicação da APESC, o ministro afirmou que é mais pela consolidação. “É preciso que a ilha do Sal tenha um porto de pesca com condições para um primeiro transbordo da banca de Nova Holanda. O mesmo em relação a S. Nicolau. Devo aqui dizer que a Sucla aumentou a sua facturação porque reforçou a sua  capacidade de congelamento e de fornecimento de gelo. Não podemos concentrar apenas em S. Vicente. As estruturas de apoio da ilha devem ter ramificações nacionais”, enfatizou, deixando claro que é preciso, primeiro, consolidar aquilo que já existe e fazer com que a ilha de S. Vicente se mantenha como um local central da industria de pesca, da transformação e da exportação daquilo que é capturado nos mares de Cabo Verde. 

Embaixadora da UE “impressionada” com Complexo de Pesca 

Já para embaixadora da União Europeia em Cabo Verde, que visita S. Vicente pela segunda vez, esta é uma oportunidade para se fazer o ponto da situação em termos de estratégias para as pescas, lembrando que a UE, enquanto parceiro especial pode contribuir para incentivar este sector, que é tão importante por ser criador de emprego. Carla Grijó destacou igualmente o facto do pescado ser a principal exportação de Cabo Verde, sobretudo para o mercado europeu. “Tenho muitas razões para estar aqui. Por outro lado, existem aqui em S. Vicente muitas empresas europeias que estão muito interessadas no desenvolvimento deste sector”, justificou. 

Sobre a visita ao Complexo de Pesca, a diplomata diz ter ficado bem impressionada com a qualidade do serviço que se presta, mas acredita que há ainda uma boa margem para o crescimento dos serviços e do número de clientes que usufruem destes serviços. “Parece-me importante porque há aqui uma lógica empresarial não só de prestar serviços ao sector, mas também de assegurar a sustentabilidade econômica do complexo. Isso é um factor que nos parece cada vez mais importante”, declarou.

Instada a avançar possíveis novidades da União Europeia para Cabo Verde num futuro próximo, lembrou que o apoio para o sector das pescas está definido na Comissão Conjunta. Mas admite que, no âmbito da programação plurianual, sempre se pode identificar novas formas de cooperar. 

De referir que, ainda durante esta visita de dois dias, o ministro do Mar e a embaixadora da UE vão deslocar-se a Onave e terão encontros de trabalho com a Enapor, Cabnave, ZEEMSV, seguido de uma visita à Saragaça.

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