Os mindelenses foram surpreendidos esta quinta-feira por voos de um helicóptero “Super Puma” no espaço aéreo de S. Vicente. Inicialmente poucos sabiam do que se tratava, mas ninguém se acovardou. Ao contrário, fizeram questão de testemunhar o exercício CAVSAR 2019, que simulava um acidente aeronáutico, com várias vítimas e feridos a serem resgatados.
Ao Mindelinsite, o director de operações do CAVSAR 2019 explicou que o exercício foi definido no âmbito do planeamento das operações da Guarda Costeira de Cabo Verde para este ano. “Este foi um exercício que teve a ver com busca e salvamento e que aconteceu no quadro da cooperação, parceria e acordos assinados entre Cabo Verde e o Reino de Espanha. Trata-se de um exercício que é bi-anual, ou seja, é realizado de dois em dois anos e que tem como objectivos fundamentais os laços de cooperação entre a GC e as Forças Armadas da Espanha e também entre os dois países”, frisou Silvino Chantre.
Propunha também avaliar a actuação dos meios envolvidos no exercício de busca e salvamento, aperfeiçoar as técnicas de busca e salvamento em manobra durante o dia, avaliar coordenação entre os centros das Canárias, Cabo Verde e outras entidades. E ainda avaliar o nível de coordenação entre a Guarda Costeira, entidades civis nacionais e internacionais envolvidas, caso das Forças Armadas do Reino de Espanha e outras entidades no país com responsabilidade de busca e salvamento como Bombeiros Municipais, Polícia Nacional, Instituto Marítimo e Portuário, Agência de Aviação Civil e Comando da 1ª Região.
Neste sentido, o exercício iniciou no dia 16 com a realização de simulacros em todas as ilhas onde a GC está presente, no caso em São Vicente, Santiago e Sal. Hoje aconteceu o principal cenário de simulacro, que previa a vinda de um ATR 72 da Praia com 63 pessoas a bordo, sendo quatro tripulantes e 59 passageiros. Na sua aproximação ao Aeroporto Cesária Évora, este sofre uma avaria no motor da asa esquerda e é obrigado a efectuar uma amaragem na praia de S. Pedro, que terá causado feridos e mortes.
Segundo Silvino Chantre, para a realização do CAVSAR 2019 foram envolvidos todos os meios que a GC de Cabo Verde dispõe. “Tivemos de testar e desenvolver várias séries, tais como salvamento de uma pessoa no mar que terá caído de uma embarcação de boca aberta. Fizemos exercício de buscas e salvamento marítimos e aeronáutico. Para isso, empenhamos, aqui em São Vicente, os navios patrulha Guardião, Badejo e Ponta de Nhô Martinho. Em Santiago, o navio patrulha Djéu e, no Sal, o semi-rígico RIHB”.
No total, estiveram envolvidos na operação 94 pessoas, provenientes do Centro de Busca e Salvamento de São Vicente, dos navios, efectivos do Cosmar na Praia, Bombeiros Municipais, Enapor, Polícia Nacional, Comando 1ª Região, Delegacia de Saúde e Forças Armadas espanhola. O resultado final, garante, foi manifestamente positivo, tendo em conta que conseguiram cumprir todos os objectivos propostos, como sendo proporcionar oportunidade de treinos para o pessoal das guarnições da GC e dos centros de busca e salvamento de São Vicente e da Praia.
Questionado se a presença dos mindelenses não atrapalhou as operações, Silvino Chantre mostra-se tranquilo e garante que foram tomadas todas as medidas de segurança. “De facto, tivemos uma forte presença da população. É interessante porque esta foi uma oportunidade para mostrar a população que estamos preocupados em treinar para garantir a segurança de todos os que usam o mar como meio de busca de vida. Por isso é que digo que a presença das pessoas engrandeceu e de que maneira este exercício”, conclui.
Constânça de Pina