Através de um Direito de Resposta, o Instituto Nacional de Estatística tentou desmentir a informação do seu técnico de que os trabalhadores de São Vicente produziram mais em relação aos das restantes ilhas, uma notícia em que, tão-somente, o Mindelinsite procurou entender os meandros do estudo e o seu alcance. Foi neste sentido que este órgão teve o cuidado de ouvir uma fonte do INE e o Secretário-Geral da Câmara de Comércio do Barlavento e evitar fazer um tratamento linear dos resultados.
A estatística, diga-se em abono da verdade, chamou a atenção também pelo facto de deitar por terra o mito de que os mindelenses são preguiçosos e que só querem festas e paródias. Um discurso repetidamente usado em Cabo Verde, até por políticos, com o claro intuito de mostrar que, se S. Vicente está mal, a culpa é apenas e exclusiva da “filosofia de vida” da sua gente.
Como comprova a gravação da entrevista, (siga o link), foi inclusivamente o técnico do INE a trazer à baila a questão do nível de produção. Ao ser questionado se a facturação média por trabalhador significava que os de S. Vicente ganharam mais do que os trabalhadores das demais ilhas em 2017, ano do estudo, esclareceu que isso significa, na verdade, que “produziram mais”. (ouvir a partir do segundo 30)
O que está por detrás desta tentativa de se desmentir este site não sabemos. Podemos ter feito alguma confusão entre os conceitos produção e produtividade, até porque, segundo alguns economistas ouvidos por este jornal e a própria direcção do INE no seu Direito de Resposta, Cabo Verde não realiza estudos sobre a produtividade. Mas isso não desmerece a informação avançada pelo técnico, que é especialista no assunto.
Se o desmentido é porque dissemos que há um mito de que os mindelenses são preguiçosos, gostam de festas e paródias, assumimos estas afirmações. Aliás, esta informação nunca foi atribuída à fonte do INE. Resulta da análise de comentários e declarações feitas e repetidas inclusive por pessoas com responsabilidade política no país.
Agora, para nós, ficou claro que este “Direito de Resposta” foi motivado não para esclarecer a notícia, mas sobretudo para sacudir alguma pressão colocada sobre o técnico e, por arrastamento, ao INE.
Constânça de Pina