Cerca de 50 militares da Guarda Costeira estão a receber formações práticas a bordo do navio-patrulha da marinha brasileira “Araguari”, que está atracado no Porto Grande de São Vicente desde ontem. Participaram ainda num exercício conjunto em alto-mar, envolvendo os navios Guardião e o Araguari, segundo o Comandante de Fragata César Prudêncio.
À imprensa, este explicou que a principal missão do “Araguari” é a patrulha da Amazónia Azul, que é a Zona Económica Exclusiva do Brasil. Entretanto, no quadro do exercício multinacional “Obangame Express 2019”, que vai acontecer na Costa Ocidental da África, envolvendo marinhas e Guardas Costeiras de 29 países – incluindo os EUA e o Brasil – e da cooperação existente com Cabo Verde, resolveram fazer esta missão ao nosso país.
“Estamos a caminho de Angola, onde vamos participar do Obangame Express, que é uma grande comissão envolvendo vários países. Vamos fazer a patrulha da costa africana e combate à pirataria. Será uma grande oportunidade para trocarmos experiência com estes países e também de ensinamento para todos”, explica o Comandante César Prudêncio.
Em Cabo Verde foram “recebidos” pelo navio-patrulha Guardião a cerca de 180 milhas da ilha de São Vicente, onde aproveitaram para realizar exercícios de mobilidade e de abordagem de embarcações, cujo propósito foi treinar os meios da Marinha Brasileira e da Guarda Costeira nas acções de segurança marítima.
“O navio-patrulha Guardião saiu muito bem no exercício. Tem 12 miliares a bordo bem treinados e armados. Fizemos uma abordagem a um navio em alto mar e estes deram uma boa resposta. É que, em caso de qualquer um destes ilícitos, cabe a GC interrogar o navio, que terá de informar a sua origem, destino e carga que está a transportar. Se for suspeito, a GC tem todo o direito de o abordar, inclusive pode assumir o seu comando caso se encontrar algo ilícito, seja pesca ilegal ou drogas”, acrescenta.
Já no Porto Grande, decorre desde a manhã de hoje oficinas práticas a bordo do “Araguari” de combate a incêndio, manutenção de geradores e motores e ainda de electrónica. Para este oficial, trata-se de uma grande oportunidade para os militares cabo-verdianos colocarem em prática tudo o que apreenderam com a missão naval brasileira no país.
César Prudêncio não esconde a sua satisfação por ter testemunhado o início desta cooperação entre os dois países que começou há cerca de cinco anos na ilha do Sal, impulsionada pelo então ministro da Defesa do Brasil, Celso Amorim. “Estamos muito felizes. A nossa missão é apoiar a Guarda Costeira de Cabo Verde, que já aprendeu a doutrina na missão naval no estudo. Agora estamos aqui a ver a parte prática no mar e também a parte técnica”, assegurou.
Em termos de intercâmbio, este lembra que o Atlântico é também estratégico para o Brasil, o que reforça a importância da cooperação entre os países, sobretudo porque não podem estar em todos os lugares e também ninguém vive sozinho num mundo globalizado. É neste contexto que, afirma, o Brasil partilha informações com Cabo Verde e vice-versa.
Para além dos exercícios e formação, o Araguari trouxe muitos livros, que foram entregues à Embaixada do Brasil em Cabo Verde para serem doados, e alguns materiais religiosos, entre Bíblias e Santos, que foram oferecidos à Paroquia de São Vicente. O navio recebe visitas na tarde desta sexta-feira, entre 15 e 17 horas.
Constânça de Pina