Os mergulhadores da técnica de apneia que praticam pesca comercial vão encontrar-se amanhã com o assessor do ministro da Economia Marítima, Giliardo Nascimento, para solicitar que seja feita uma investigação às denuncias da associação Biosfera. Edmar Gomes, que falava ao Mindelinsite em nome do grupo de mergulhadores, afirma que querem esclarecer a situação para que todos possam exercer a sua actividade sem qualquer pressão ou medo.
Na impossibilidade de chegar à fala com o Ministro, que se encontra fora de São Vicente, os mergulhadores decidiram recorrer à sua assessoria para expor o seu ponto de vista sobre esta polémica que levaram a Biosfera a anunciar a cessação das actividades de conservação no Ilhéu Raso. “Queremos que autoridades façam uma investigação isenta e estamos dispostos a fornecer os nomes dos mergulhadores e pescadores que frequentam a reserva, mas também dos elementos da equipa da Biosfera para que se possa confirmar as denúncias. Se confirmarem que estas têm fundamento, que seja então aplicado coimas. Não podemos permitir que alguns prejudicam todos.”
Para Edmar Gomes, é crucial que os prevaricadores, a serem identificados, sejam responsabilizados, sob pena de colocar em risco as actividades de preservação e a pesca no complexo de Santa Luzia e Ilhéus. “Queremos praticar a nossa actividade de forma tranquila. Reconhecemos que o Ilhéu Raso é uma reserva integral. Mas, por falta de recurso, temos pescado ali. Se for determinado que temos de abandonar o local, que seja uma medida para todos, mergulhadores, pescadores de linha e barcos de rede. Não podem retirar apenas os mergulhadores para favorecer os restantes.”
Instado a explicar o motivo desta ressalva, o porta-voz dos mergulhadores volta a acusa o presidente da Biosfera de exigir exclusividade para a associação e para os pescadores com os quais fechou acordo, com o único objectivo de beneficiar a sua empresa. “Se houver decisão no sentido de proibir a pesca no complexo, a medida terá de ser indiscriminada. Mas também podem autorizar a pesca no local, desde que seja a partir dos botes, ou seja, terão de interditar a ida a Santa Luzia e aos Ilhéus. Não queremos que haja quaisquer dúvidas sobre a situação”, reforça Gomes.
Confrontado com as afirmações de ameaças pelo coordenador do Programa Pequenas Subvenções do PNUD, Ricardo Monteiro, e pelo biólogo Aníbal Medina, ambos no exercício da sua profissão, este deixa claro que terá sido no período 2006-09, numa altura em que os mergulhadores não frequentavam o local. Segundo este entrevistado, foi um dos primeiros mergulhadores a pisar no Ilhéu Raso, junto com um outro colega, em 2009. Depois, as deslocações passaram a ser anuais e só nos últimos cinco anos é que passaram a ir pescar nas “desertas” com mais frequência. “Se houve ameaças antes disso, pode ter certeza que foram feitas por pescadores”, conclui.