Uma mensagem que Luís Giovani terá trocado com uma amiga na noite em que foi ferido na sequência de uma rixa com um grupo de portugueses na cidade de Bragança pode ajudar a atirar por terra os argumentos da defesa dos arguidos. Estes estão a alegar no julgamento que o jovem cabo-verdiano terá sofrido o traumatismo craniano devido a uma queda, mas acontece que Giovani disse a uma amiga residente em Boston que levou uma “pancada na cabeça” horas depois do incidente. A mensagem, escrita em cabo-verdiano, foi enviada pela internet às 03:03 de 21 de dezembro de 2019, madrugada em que Giovani ficou gravemente ferido, vindo a falecer dez dias depois.
Conforme o Dn.pt, a revelação deste conteúdo foi a surpresa desta quarta-feira no julgamento e pode agora vir a ser analisada como prova. Isto porque os advogados da família do estudante cabo-verdiano requereram ao tribunal que junte ao processo a conversa no sistema de mensagens da rede social Facebook que Giovani terá mantido com a amiga, também cabo-verdiana. Os advogados justificam o aparecimento da mensagem um ano e meio depois dos acontecimentos por a amiga só ter informado a família de Giovani da mesma quando leu notícias de que, em tribunal, se levantava a tese de que o ferimento na cabeça, que provocou a morte do jovem, podia ter resultado de uma queda, e não de uma pancada.
Os defensores dos sete arguidos portugueses, que respondem no julgamento pelo homicídio de Luis Giovani, têm agora um prazo para se pronunciar sobre o requerimento e, posteriormente, será conhecida a decisão do tribunal sobre a aceitação ou não da mensagem como prova.
Entretanto, conforme esse jornal luso, o coletivo de juízes rejeitou esta quarta-feira outro requerimento, mas da defesa de um dos arguidos, que pretendia juntar a este processo outra decisão judicial de levar a julgamento um dos cabo-verdianos que acompanhava Giovani naquela madrugada, por alegadas agressões a um português. O processo é independente, segundo o Dn.pt, mas surge de factos ocorridos na mesma madrugada e que, segundo o que tem sido dito em tribunal, terão dado origem aos desacatos que levaram à morte do jovem e que começaram com confrontos entre o cabo-verdiano Valdo e o português Rogério.
O Ministério Público arquivou a queixa inicial do português, mas um juiz de instrução acabou por dar despacho de pronúncia e constituir arguido e levar o cabo-verdiano a julgamento. Porém, o coletivo de juízes do caso Giovani não considerou relevante juntar este despacho ao processo, onde Valdo é ofendido e Rogério testemunha, da mesma forma que rejeitou uma acareação entre os dois.
Os acusados da morte de Giovani são outros elementos relacionados com os factos da madrugada em que o jovem, que estudava no politécnico de Bragança, foi encontrado inconsciente e caído na rua sozinho.
No hospital foi-lhe detetado um traumatismo cranioencefálico de que viria a morrer dez dias depois e o que se discute no julgamento é se terá sido provocado por uma pancada com um pau ou por uma queda em escadas numa das ruas onde ocorreram os desentendimentos.
No banco dos réus estão sete homens, com idades entre os 22 e os 45 anos, que respondem, cada um, pelo crime de homicídio qualificado consumado, relativamente à vítima Giovani Rodrigues, e por ofensas à integridade física qualificadas no que se refere a outros três cabo-verdianos do grupo.
A autópsia, citada no tribunal, não é conclusiva, na medida em que indica que a causa da morte pode ter sido homicida ou acidental.
O julgamento, que começou em fevereiro, prossegue na segunda-feira, 21 de junho.
C/Dn.pt/Lusa