O Ministério da Educação lançou, a nível experimental, o primeiro Manual de Língua e Cultura Cabo-verdiana do 10º ano de escolaridade para comemorar o dia internacional da língua materna, anunciou ontem no Facebook o ministro Amadeu Cruz. O material, diz o post partilhado pelo governante, está em formato digital e coadunado com o espírito do Decreto-lei n.º 28/2022.
“Pela primeira vez temos um manual escolar em língua cabo-verdiana, pensado para apoiar no desenvolvimento da consciência metalinguística do aluno, porquanto o ajudará a refletir sobre a gramática da sua língua materna e a construir conhecimento científico sobre e nesta mesma língua”, refere a publicação. Salienta a mesma que este marco representa um objetivo há muito almejado pelo Governo: fornecer materiais didáticos em língua materna que reflitam a realidade cabo-verdiana e que, simultaneamente, contribuam para o desenvolvimento de competências e habilidades linguísticas dos alunos.
Esta mensagem é depois transcrita em, presume-se, as variantes predominantes de Sotavento e Barlavento, ou seja, Santiago e S. Vicente. Para quem fala o crioulo da ilha do Norte, o uso de algumas palavras acaba, no entanto, por gerar um grande ponto de interrogação. Ciente de que cada pessoa tem a sua própria pronúncia dentro de uma mesma variante, deixamos aqui algumas delas para a apreciação do caro leitor: “Ministériu de Edukasãu” “Kultura Kabuverdiana”, “10º an de skolaridad”, “periudu“, “dekrétu”, “ben”, “tanben”, “rafleti”, “un”… Poderá encontrar o texto completo mais a baixo.
Esta iniciativa surge cinco dias após a realização do Fórum Internacional de Língua Materna, realizado na cidade da Praia pela Associação da Língua Materna Cabo-verdiana (Alma-Cv), sob o alto patrocínio da Presidência da República. O evento, refira-se, foi enquadrado no programa comemorativo dos 50 anos da Independência de Cabo Verde, tendo o Chefe de Estado José Maria Neves lançado um apelo aos partidos e aos parlamentares para reconhecerem a língua cabo-verdiana como património cultural e promoverem a sua plena oficialização, a par da língua portuguesa. O PR enfatizou, na sua intervenção no referido fórum, que a língua cabo-verdiana é um traço de união que conecta não só as várias ilhas do arquipélago, mas também a diáspora, sendo essencial para fortalecer a identidade cabo-verdiana.
Apesar do discurso emanado das entidades públicas sobre a valorização da língua cabo-verdiana, com a necessária preservação das variantes faladas nas nove ilhas, o certo é que tem havido o uso sistemático e predominante da variante de Santiago pelas instituições, empresas públicas e organizações do próprio Estado quando realizam eventos ou lançam um serviço e optam por um slogan na língua cabo-verdiana. Algo, diga-se, que parece estar já institucionalizado. Aliás, a própria ALMA, em princípio com a anuência da Presidência da República, faz isso no cartaz de divulgação do referido fórum.
Texto em variante de Barlavento
Ministériu de Edukasãu ta lansá primer Manual de Lingua y Kultura Kabuverdiana (10º an de skolaridad)
Pa komemorá “Dia Internasional de Lingua Matérna”, Ministériu de Edukasãu ta lansá primer Manual de Lingua y Kultura Kabuverdiana 10º an de skolaridad, na format dijital, pa un periudu sprimental, moda dekrétu lei n.º 28/2022 ta defendé.
Pa primer ves, no ta ben ten un Manual de skola na lingua kaboverdian ke foi pensod pa isdá na dezenvolviment de konsiensia metalinguistik de alun. Es manual ta ben isdá-l rafleti sobre gramatika de se lingua y konstrui konhesiment sientifik sobre el, ma tanben na el.
Lansament d´es Manual ta kunprí un objetiv de Govérn de Kab Verd k´e fornesê material didatiku na língua matérna ke ta mostrá realidad de nos pais y ke ta ben kontribuí pa dezenvolviment de konpetensia ma abilidad linguistika de nos alun.