O movimento independente Más Soncent convocou a imprensa para manifestar a sua indignação e repúdio devido a “perseguição” e “ameaças” que o seu director de campanha, Manuel Lopes, tem vindo a sofrer por parte do seu superior hierárquico, no caso, a direção daquele estabelecimento prisional. O mandatário da candidatura, António Duarte, aproveitou ainda para denunciar roubos de outdoors e destruição de material de campanha, atitudes que, diz, afectam seriamente o jogo democrático.
Em relação ao director de campanha, que é funcionário público na Cadeia Central da Ribeirinha, de acordo com Duarte, tem vindo a sofrer perseguição e tentativas de intimidação por estar ligado ao movimento, o que considera ser um atentado ao princípio de liberdade. Por outro lado, afirma, a sua actividade política não fere o seu Estatuto profissional e nem o Código Eleitoral. “Qualquer movimentação no sentido de o impedir de livremente participar em qualquer projecto político terá por base razões outras. Tudo isso nos indigna e constrange porque somos um grupo novo na arena política e entramos nesta disputa porque estamos convencidos de que S. Vicente precisa de nós e temos os melhores projectos para a ilha”.
Segundo Duarte, o papel de um director de campanha num projecto independente é enorme pelo que qualquer obstáculo causa constrangimentos, não é legal e nem eticamente aceitável. Este estranha ainda que outros funcionários e altas entidades bem colocadas, caso da ministra da Justiça a fazer campanha no Sal e do Presidente da Assembleia Nacional a fazer porta-a-porta em S. Vicente e em outras paragens estão tranquilos. “Queremos dizer que tudo isso afecta seriamente o jogo democrático e não abona a favor da imagem de Cabo Verde. Somos adversários, não inimigos pelo que a disputa deveria ser suave. Mas infelizmente não é isso que temos vindo a assistir.”
Este denunciou o roubo de outdoors em Monte Sossego e na Lajinha (já foram repostos) e a pilhagem de cartazes, realçando que um movimento independente não tem recursos e nem uma máquina partidária por detrás e tudo aquilo que faz representa um sacrifício económico enorme. “Quando vemos um cartaz vandalizado dói porque não é apenas o valor material, mas todo o sacrifício por detrás daquilo. Não queremos apontar ninguém em particular, mas basta ver o que aconteceu no Quintal das Artes em que os cartazes de todas as candidaturas foram pichadas, excepto as do MpD. Quando é roubo, o esforço é ainda maior. Há interesse político em fazer desaparecer o nosso material de propaganda político”, desabafa.
Este mostra-se ainda descontente com a gestão do processo por parte da Câmara de S. Vicente. De acordo com Duarte, o presidente-substituto convocou todas as candidaturas para fazer a distribuição dos espaços para fixação da propaganda política, incluindo os postos de iluminação pública. A candidatura Más Soncent aceitou e colocou alguns pendões. Mas, para a sua surpresa, foram notificados pela Electra a exigir a retirada do material, o que o leva a afirmar que a CMSV ofereceu um “presente envenenado” ao movimento independente. “O presidente-substituto devia saber que os postos de iluminação pública pertencem são propriedade da Electra, logo a CMSV não podia ceder este espaço sem autorização. Se não sabia é grave e, se não sabia, é mais grave ainda”.
Na sequência de todas estas denúncias, o mandatário António Duarte diz esperar que haja bom senso. No caso do director de campanha, afirma, não havendo ainda uma acusação formal, pede que seja respeitada a liberdade individual do funcionário para continuar a sua actividade. “Não faz sentido num país democrático tentar impedir a liberdade de expressão e de associação. Acreditamos que se está a preparar uma acção mais directa contra o nosso director de campanha para depois das eleições”, conclui.