Os marítimos nacionais exigem esclarecimentos e um pedido de desculpas públicas perante as acusações “bombásticas e graves” proferidas pelo vice-presidente do Grupo ETE, que lançou, através da comunicação social, suspeitas de eventuais sabotagens nos navios da companhia. Caso isso não acontecer, prometem avançar com outras medidas.
Em conferência de imprensa, a pedido dos marítimos que estão descontentes com o clima de crispação criado pelo vice-presidente do Grupo ETE, o presidente do Simetec afirmou que esta é uma classe com provas dadas em matéria de profissionalismo, competência, rigor e dedicação, tanto a nível nacional como internacional. Aliás, prossegue, não é por acaso que são procurados e contratados por empresas estrangeiras para trabalharem nos seus navios, em todas as categorias profissionais da classe. Por isso, diz Tomás Aquino, não aceitam que ninguém lance suspeitas ou ponha em causa o seu profissionalismo.
“Tendo em conta que a classe se sentiu profundamente ofendida e atingida no seu brio profissional, a direcção do Simetec, em representação dos marítimos cabo-verdianos, exige do vice-presidente do Grupo ETE, Jorge Maurício, esclarecimentos sobre as suspeições de sabotagem e um pedido de desculpa pública aos marítimos em geral e aos da CV Interilhas, em particular”, sublinha este dirigente sindical, para quem, ao invés de a CV Interilhas estar a criar instabilidade na gestão das suas unidades navais com suspeições de sabotagem, deveria reconhecer o esforço e sacrifício que os seus profissionais fazem para garantir as ligações marítimas em Cabo Verde.
Mais incisivo, o marítimo Alberto Almeida alega que, o que está em causa neste momento é uma suspeita de crime de sabotagem, pelo que exigem os devidos esclarecimentos por parte de quem levantou esta questão. “Sabotagem é uma palavra que não existe no vocabulário dos profissionais do mar. Estamos lá e nunca faremos uma sabotagem contra a nossa própria pessoa. Está totalmente fora de questão. Mas a empresa tem uma equipa de reparação, então tem de saber de onde vem esta sabotagem: se os tripulantes são os responsáveis ou coniventes”, declara.
Trata-se de um “ato de desespero” de quem fez as referidas afirmações, pontua. “Se afirmam que há sabotagem é porque alguém da equipa técnica da empresa passou esta informação ao Conselho da Administração da CV Interilhas. Então que apresentem as provas. Do meu ponto de vista, o que há é uma má programação. Não faz sentido, sairmos com um navio de São Vicente para Praia e, chegando em Santiago, porque um outro barco sofreu uma avaria no Sal, a companhia desvia o pessoal que não descansou para esta ilha. Que esclareça, então, o público”.
Para se fazer sabotagem a bordo de um navio, reforça o presidente do Simetec, tem de ser os tripulantes ou alguém que tenham permitido a sua entrada porque nenhuma pessoa estranha tem acesso à casa de máquina. Por isso, o pedido para o vice-presidente do Grupo ETE esclarecer com que base fez a afirmação de sabotagem para que os marítimos possam saber como tratar o assunto. “É por isso que, nesta primeira fase, estamos a querer um pedido de desculpas e um esclarecimento cabal daquilo que ele quis dizer com esta questão de sabotagem, que é um crime”, concluiu.