Mar d´Canal parado por “tempo indeterminado” por ordem de Espanha

O navio Mar d´Canal, o mais antigo na rota marítima entre São Vicente – Santo Antão, está parado desde terça-feira, 09 de Abril, por “tempo indeterminado” por determinação da Espanha, segundo informações apuradas por Mindelinsite junto de fontes da Naviera Armas em Cabo Verde. A ordem para a suspensão das viagens diárias entre as duas ilhas terá vindo das Canárias, após uma inspecção mandada efectuar pelo sócio-maioritário.

Ao que conseguimos apurar, a inspecção foi feita por um especialista enviado pela empresa-mãe na Espanha, a Naviera Armas, por determinação do sócio maioritário António Armas. Os resultados, de acordo com as nossas fontes, alegadamente mostraram uma “deterioração acentuada nos compartimentos e no casco do navio”, o que obrigou a sua paragem.

O único sócio da Naviera Armas em Cabo Verde, Adriano Lima, confirma que, de facto, a ordem para paralisar o navio veio da Espanha. “A ordem para a paragem do barco veio das Canárias. Estou na ilha da Boa Vista e não sei os motivos. Mas posso garantir que esta paragem não se deve a nenhuma avaria. O navio está certificado pela Capitania, que também efectuou todas as inspecções exigidas. Está parado por ordens superiores”, revela.

Questionado sobre as razões para esta decisão que surpreendeu as pessoas, sobretudo nesta altura da Páscoa em que a procura por passagens marítimas para a ilha das montanhas aumenta de forma exponencial, Lima garante que desconhece por completo o que terá motivado esta paragem.

“Neste momento estou na ilha da Boa Vista. Limitaram a me informar que o navio está parado”, reforça Lima, que confirma ser detentor de 40% das acções da Naviera Armas em Cabo Verde. Mesmo assim, desabafa, nunca é ouvido e a sua posição não é respeitada. Alias, por causa disso, já entrou com um processo no tribunal para reafirmar a sua posição societária.

Instado se é uma paragem para reparação, este garante que o navio suspendeu as ligações no ano passado para fazer a renovação da documentação e fazer pequenas reparações constatadas, pelo que, neste momento, não se justificava a suspensão das ligações marítimas regulares.

Junto das autoridades marítimas nacionais ficamos a saber que esta paragens aconteceu por solicitação da própria empresa.  “A Capitania dos Portos, que é responsável por fazer o acompanhamento desta área, esta paragem é uma situação normal de gestão. Estão a preparar para fazer manutenção normal nos estaleiros”, disse o administrador do Instituto Marítimo Portuário (IMP), Manuel Vicente Silva, que falou ao Mindelinsite por indicação da presidente, Joana Helena Carvalho.  

Autoridades marítimas sem informação

Entretanto, quando confrontado com a informação de que esta paragem foi por ordem da Espanha, este garantiu que nem a Capitania e nem o IMP têm qualquer informação neste sentido. “Não temos esta informação. A única coisa que posso dizer é que solicitaram à Capitania dos Portos de Barlavento uma paragem para manutenção. E é isso pedido que chegou à nossa instituição, através da Capitania”,, reforça Manuel Vicente Silva.

A confirmar que esta paragem se deveu a uma decisão do accionista António Armas, alegadamente devido a constatação de problemas graves que podem na embarcação, que já tem mais de 40 anos e que possam perigar as ligações marítimas entre São Vicente e Santo Antão, as autoridades nacionais não fiquem muito bem nesta fotografia.

Certo é que, de três barcos que vinham fazendo ligações diárias entre as três ilhas – Mar d´Canal, Liberdadi e Inter – ilhas – resta neste momento apenas um. É que o ferry Liberdadi sofreu na tarde de sexta-feira um acidente no caís do Porto Novo, que resultou em um grande susto para os passageiros e prejuízos no próprio barco e em outras embarcações que estavam fundeadas no porto.

O navio encontra-se neste momento atracado no Porto Grande em São Vicente, sem previsão de data para a retoma das ligações regulares com Santo Antão. Com a retirada agora da linha do Mar d´Canal, fica difícil para uma única embarcação responder a demanda. Aliás, ao que conseguimos apurar, as passagens para a Páscoa em Santo Antão já estão esgotadas.

Constânça de Pina

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