A Logoprint devolveu o dinheiro cobrado para a publicação do outdoor do Sokols-2017 com os deputados eleitos por S. Vicente que votaram a favor do Estatuto Especial da Praia, alegadamente devido a polémica que envolveu essa empresa, a sua congénere Multitons e o próprio movimento cívico revelada por Mindelinsite. No entanto, Salvador Mascarenhas vê essa decisão como um acto de censura por uma empresa que tem praticamente o monopólio do sector da comunicação visual em S. Vicente e que fez de tudo para proteger a sua “clientela política”.
“Sabem que ficamos amarrados, mas vamos continuar a procurar uma alternativa. Para nós agiram para proteger a classe política, que é a clientela dessa empresa nas campanhas eleitorais. E recebem como pagamento o direito de monopolizarem as áreas destinadas à colocação de outdoor nos municípios, incluindo o de S. Vicente”, reage o responsável pelo Sokols-2017.
Inconformado com a situação, o grupo pretende agora entender qual o contrato que a CMSV tem com a Logoprint e pondera até denunciar o caso a instâncias judiciais nacionais e estrangeiras. Para Salvador Mascarenhas, a devolução do dinheiro não encerra o caso, pois vê essa atitude como uma afronta ao exercício pleno da democracia cometida por uma mera empresa. “Esta atitude fere também o princípio da concorrência empresarial. Fica claro que a Logoprint tem o poder de bloquear a iniciativa de outras empresas no sector”, comenta Salvador Mascarenhas.
Esta situação, segundo o artista plástico Boss Brito, vem de há muito tempo, mais precisamente desde a Câmara liderada por Isaura Gomes. Por aquilo que conta, já nesse período ficou bastante prejudicado porque efectuou trabalhos para algumas empresas que foram impedidas de as publicar pelo então grupo empresarial GRP, que depois passou a ser Logoprint. “Fiz uma série de painéis que acabaram por ficar guardados no quintal dessa empresa porque a GRP queria fazer todo o serviço, ou seja a impressão e a fixação”, revela. O problema foi piorando e hoje, segundo o artista, deixou praticamente de trabalhar nessa área. Aliás, diz vários outros artistas mindelenses perderam uma fonte de rendimento considerável – à volta de 100 contos por mês – porque os seus clientes decidiram parar de solicitar o serviço devido aos emperramentos que enfrentavam no sector.
Para Boss Brito, esse monopólio é resultado de um claro conluio entre a empresa e a classe política. “Basta vermos quem é que andava a fornecer palco e som nas primeiras campanhas, sem se falar nos painéis dos partidos”, diz Boss Brito, que tentou denunciar esse caso, mas não teve o impacto esperado.