A Comissão Política Regional do PAICV em São Vicente está indignada com a forma como a estrutura nacional do partido conduziu o processo de composição da lista de candidatos às Legislativas de 18 de abril na ilha. É que, de acordo com a vice-presidente da CRP, Arlinda Medina, a lista proposta pelos órgãos regionais do partido, e que tinha como cabeça-de-lista Alcides Graça, foi “profundamente alterada”, sem qualquer explicação, em flagrante descaso e desrespeito para com a comissão local dessa força política.
Dirigindo-se aos militantes e simpatizantes do PAICV e à população de S. Vicente, Arlinda Medina explicou que a CPR, seguindo as orientações da CPN – e no cumprimento dos Estatutos do PAICV -, elaborou a sua proposta de lista para as eleições, depois de auscultar os sectores Norte e Sul da região política de S. Vicente. Esta foi votada e submetida à CPN a 07 de janeiro. Para a sua surpresa, e sem que nada fizesse prever, a sua lista foi alterada, sem que tivesse havido articulação ou coordenação com a região. O mais caricato, diz, é que a lista alterada surgiu na comunicação social antes mesmo de ser dada a conhecer, oficialmente, aos órgãos regionais.
“A lista proposta pela CPR de SV era liderada por Alcides Graça, seguido por Josina Freitas, João do Carmo, Nelson Lopes, Elisabeth Santos e Luana Jardim. Ou seja, tínhamos como cabeça-de-lista o presidente da CPR-SV, no 5º lugar Elisabeth, enquanto secretária da Região, e Luana Jardim, como representante da JPAI. Respeitava as diretrizes do partido e tinha uma abertura para a sociedade civil. A lista da CPN é, entretanto, encabeçada por Josina Freitas”, refere Arlinda Medina, que confirma ainda a escolha de Manuel Inocêncio para Director de Campanha e de Graciano Nascimento para mandatário.
Inconformada, a CPR reuniu-se a 18 de janeiro e rejeitou esta lista imposta e enviou o documento à CPN que, afirma a vice-presidente, sequer acusou a recepção, remetendo-se a um silêncio ensurdecedor. “Consideramos ser inegável e flagrante o descaso e desrespeito a que esta Comissão foi submetida. Consideramos, igualmente, ser legítima a nossa indignação por tão flagrante humilhação e subordinação imposta a S. Vicente”, considera Medina, para quem esta CPR foi completamente afastada do processo de preparação e execução dos trabalhos inerentes à campanha eleitoral.
Apesar de toda a indignação, a vice-presidente da CPR do PAICV em SV afirma que esta comissão mantém a sua lealdade ao partido e está disponível para trabalhar, desde que chamados. Isto porque, frisa, a Comissão Política Regional tem as suas funções. No entanto, porque nenhum membro deste órgão regional faz parte desta estrutura de campanha, caberá a esta, a bem do PAICV, de S. Vicente e de Cabo Verde, abordar a CPR, se quiser o seu envolvimento na campanha eleitoral.
“O nosso envolvimento e a nossa lealdade é para com o PAICV. Mas vai depender da forma como o processo vai se desencadear”, reforçou esta dirigente local, deixando claro que estes esclarecimentos são subscritos pela maioria dos integrantes da CPR. Questionado sobre uma provável demissão da CPR, diz acreditar que o presidente esteja a ponderar uma possível posição que venha a tomar, lembrando que SV é um barómetro e a região tem de ter uma posição coerente com as funções que desempenha e com os princípios e valores que defende. “O presidente da CPR tem o apoio e o conforto da maioria que votou a moção de rejeição à lista imposta.”