Lançada a primeira “tábua”, Mindel Floating Studio será inaugurado pelo Carnaval

Dentro de três meses, a Marginal do Mindelo terá uma nova cara com a materialização do projecto Mindelo Floating Studio, um emblemático estúdio flutuante de gravação que será instalado nas águas dessa pequena praia do interior da Baía do Porto Grande. A expectativa é que o empreendimento, que inclui ainda um bar-pub e palco para concertos, seja inaugurado por altura do Carnaval, com um rico programa cultural.

A primeira “tábua” desse pré-fabricado, a ser construído basicamente de madeira desta sub-região africana e metal inox, foi lançada ontem à tardinha pelo ministro da Economia Marítima, José Gonçalves, o PCA da Enapor, Jorge Maurício, o mentor da ideia, Kunlé Adeyemi, o promotor Samba Bathily, e os arquitectos cabo-verdianos envolvidos no projecto. Conforme o ministro José Gonçalves, aquilo que inicialmente foi concebido como um mero estúdio acabou por evoluir para um conceito mais vasto, um “hub” de criatividade vocacionado para a cultura no seu sentido mais amplo. “É um empreendimento que terá lugar nesta bela baía, uma das mais belas do mundo, e posicionar um embrião que irá florescer e contagiar todo o resto, como uma flor de lotus”, frisou Gonçalves, que vê essa obra, cuja construção começa no dia 1 de Dezembro, como um elemento fundamental do ambicionado projecto de requalificação da Baía do Porto Grande, que inclui o Terminal de Cruzeiros, o Oceanário do Mindelo e a revitalização do areal da praia da Avenida Marginal e da Praia d’Bote.

Segundo Jorge Maurício, a areia a ser dragada no âmbito da construção do Terminal de Cruzeiros deverá ser depositada nessas duas praias, se o estudo técnico e de impacto ambiental assim indicar. “Essa intervenção vai acontecer se for ambientalmente sustentável. Esperemos que sim para podermos modernizar e embelezar ainda mais esta baía, frisa o PCA da Enapor, que espera ver arrancar a construção do Terminal de Cruzeiros dentro de meses, tal como anunciou o ministro da Economia Marítima na abertura da CV Ocean Week, desde que não surjam constrangimentos. Como explica, às vezes é complicado fixar datas quando há aspectos que não dependem de Cabo Verde.

“Por exemplo, se ficarmos três meses à espera de um ‘no objection’ do financiador isto vai ter o seu efeito. O calendário actual diz que as coisas podem começar dentro de poucos meses, mas podem surgir contratempos. Temos é de dar passos seguros”, defende esse gestor, que vê o Mindelo Floating Studio como um conceito que poderá ter um efeito indutor económico e turístico maior mesmo que um hotel. “O estúdio pode não ser em si um investimento expressivo e gerar um elevado número de emprego, mas imaginemos o impacto que terá para Cabo Verde quando uma estrela internacional resolver vir gravar um disco em S. Vicente!?. Pode arrastar muita coisa interessante consigo.”

Apesar de ficar na água, o estúdio não irá constituir uma fonte de poluição para a baía, segundo o arquitecto Jorge Dias. Isto porque, explica, será uma plataforma flutuante feita com peças desmontáveis e que estará ligada à rede pública de esgoto em terra.

Convidado para participar no projecto pelo mentor Kunlé Adeyemi, o arquitecto César Freitas explica que estudaram a localização e, por exclusão de partes, decidiram que a baía do Mindelo era o local perfeito. Para ele, não restam dúvidas que essa obra vai requalificar essa praia que, diz, tem ainda muito mais potencial para dar à cidade do Mindelo. Além disso, prossegue, o estúdio vai atrair artistas africanos e de outras paragens para gravação, workshops e outros projectos culturais. Freitas enaltece ainda que o projecto será executado com matéria-prima da sub-região africana e executado por técnicos cabo-verdianos. A própria manutenção dessa infraestrutura, avança, será assegurada a nível local.

 

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