O presidente da Juventude do PAICV acusou hoje no Mindelo o Governo do MpD de ter-se afastado do compromisso firmado com os jovens de priorizar políticas publicas de promoção do emprego e da empregabilidade. Fidel Cardoso de Pina fez estas considerações à imprensa, antecipando o Estado da Nação que o Executivo vai fazer esta semana no Parlamento, considerando que, em matéria da Juventude, este é francamente negativo.
Para este líder da juventude partidária tambarina, os números mostram que há um claro retrocesso em várias áreas de governação e que as principais promessas estão por cumprir. “O Governo de Ulisses Correia e Silva falhou redondamente na sua política de emprego, defraudando as expectativas dos cabo-verdianos, principalmente dos jovens”, afirma, estribando nos dados do Instituto Nacional de Estatística que mostram, por exemplo, que 42,8% dos jovens entre os 15 e os 34 anos estão desempregados e que o rosto da inactividade no país é muito jovem: dos 177.560 inactivos, 94.955 são jovens dos 14 a 34 anos.
A par do desemprego, este garante que a juventude sofre com o défice habitacional provocado essencialmente por conta da precariedade laboral, o que coloca em risco a sua segurança e das suas famílias. “Hoje os contratos precários, os empregos sazonais, onde se praticam salários muito baixos e os estágios profissionais constituem o grosso da oferta de emprego para jovens, razão pela qual não conseguem aceder a uma habitação condigna”, declara Fidel Cardoso, para quem a situação é ainda de dificuldade pela falta de programas transparentes de facilitação de acesso a lotes de terrenos e apoios à autoconstrução.
O presidente da Juventude do PAICV disse ainda estranhar a abordagem das políticas activas de emprego, como os estágios profissionais, porquanto, frisa, está-se a substituir os empregos por estágios, passando a ideia de que é tudo o que se pode oferecer aos jovens qualificados, mediante subsídios que não ultrapassam os 20 mil escudos/mês. De acordo com Cardoso, não obstante os estágios profissionais sejam uma medida importante de inserção dos recém-formados no mercado de trabalho, não podem ser vistos como emprego. São um meio de aperfeiçoamento de competência.
“Estágio profissional também não pode funcionar como via legal para as empresas contratarem trabalhadores qualificados a baixo custo e em condições de precariedade”, adverte este dirigente da JPAI, que aproveita para condenar alguns gestores responsáveis pela implementação de políticas, projectos e programa de emprego, formação e estágios que, afirma, são afoitos comissários políticos que não se coíbem de manifestar nas redes sociais as suas preferências partidárias e afrontar a oposição.
Estes, segundo Cardoso, contrariam a afirmação do Primeiro-ministro que tinha garantido que nenhum gestor falaria como tal de manhã e à noite como líder partidário. Em suma, o presidente da JPAI defende que a felicidade prometida não está a ser sentida pela juventude, que enfrenta as agruras do desemprego, do subemprego, da precariedade laboral e habitacional, da falta de oportunidades económicas, de muitos entre outros.
Constânça de Pina