A presidente do PAICV deu na noite de ontem, no Mindelo, um forte “impulso” para a candidatura tambarina “S. Vicente e nôs razão”,encabeçada pelos independentes Albertino Graça e Leila Barros. Janira Hoffer Almada afirmou de forma veemente que S. Vicente tem todo o direito de sonhar. O acto de apresentação pública, que teve lugar no Auditório Onésimo Silveira e contou com sala cheia, quer dentro do espaço fechado quer no pátio exterior, marcou o inicio efectivo dos trabalho que só vão terminar no dia 25 de Outubro, com a vitoria, conforme Titota fez questão de frisar.
JHA justificou a escolha de Albertino Graça dizendo que o PAICV tem uma visão ambiciosa e realista e uma perspectiva de governação local estribada na transparência e na gestão dos recursos públicos, colocando sempre em primeiro lugar a satisfação dos munícipes e a realização das suas expectativas. “O nosso candidato é o Albertino Graça. O primeiro requisito à assunção da ambição que temos para o poder local é termos lideranças competentes, capazes, idóneas e que estejam na política para prestar um serviço público e com a missão de servir. Em S. Vicente foram determinantes”.
Para a líder do PAICV, o povo de S. Vicente tem todo o direito de ter uma nova ambição para a ilha e de sonhar. Precisa de ter uma perspectiva de desenvolvimento de longo prazo, de projectar a cultura, mas também de registar um crescimento inclusivo, ou seja, em todos os sentidos. Que mexe com a estratégia da economia e que haja uma aposta clara para que as pessoas vivam melhor. “Quando digo viver melhor estou a falar em habitação condigna, acesso a água, energia e saúde como um direito e não como um luxo. Estou a falar na ambição que todos devem ter de poder protagonizar o desenvolvimento da sua ilha e do seu pais. Penso temos de resgatar o patriotismo. Cabo Verde deve ser aquilo que os cabo-verdianos sonharem e, quem deve ser o protagonista do desenvolvimento do país em geral e, neste caso de S. Vicente devem ser os sanvicentinos”, clarificou.
Eleições atípica
Em relação as limitações decorrentes da Covid-19, JHA explicou que o PAICV defende a realização do Estado do Direito Democrático, o que pressupõe a realização das eleições no calendário eleitoral previsto e que determina que haja renovação dos mandatos. Admite, no entanto, que se deve cumprir todas as orientações das autoridades sanitárias. “O PAICV coloca acima de tudo os interesses do país e dos cabo-verdianos. Vai cumprir as orientações. Estamos prontos para nos adaptarmos a este novo normal a esta nova normalidade. As campanhas serão feitas num novo contexto e em novos moldes. É nestes novos moldes que iremos transmitir as nossas propostas para o país e para cada um dos municípios”, detalha, deixando claro que o seu partido quer que S. Vicente seja de todos e não de alguns.
Para isso, defende uma política de distribuição de solos transparente, justo e equitativo, lembrando que estes não pertencem a nenhuma equipa camarária, a nenhum presidente ou vereador. O mesmo acontece com a política de ordenamento do território, de desenvolvimento territorial e habitacional. “Sabemos o défice que existe em Cabo Verde, seja a nível quantitativo e qualitativo. Não temos petróleo e nem diamantes, mas Cabo Verde possui solos, que são um recurso estratégico. Temos também de aproveitar as potencialidades do mar. Aqui temos de perguntar que ganhos se tirou do mar nos últimos anos?” interroga, lembrando que cada eleição, cada votação e cada escolha deve ser para melhorar o município e o país.
Desalojar Gust
Apesar das previsões de um analista que disse ser difícil “desalojar” Gust, Janira mostra-se confiante e garante que o PAICV tem todas as condições de ir para estas eleições em condições de disputar para ganhar. Disse ainda que o trabalho feito pelo partido enquanto oposição nos últimos quatro anos mostram que o partido está preparado para governar. Espera, agora, conquistar a confiança dos cabo-verdianos e dos mindelenses com as propostas que o PAICV vai apresentar ao eleitorado. Segundo JHA, não há nenhuma eleição a priori ganha ou perdida. Depende da leitura o eleitorado fizer e da forma como se conseguir passar as propostas. O PAICV tem propostas sérias e fará uma campanha com seriedade e responsabilidade.
“Não vamos prometer aquilo que não podemos cumprir. Não vamos criar expectativas e falsas ilusões no eleitoradoNão estaremos a criar expectativas e falsas ilusões no eleitorado, até para não se dar o caso de chegar ao fim do mandato e assistir aquilo que está a acontecer com o Governo. Não cumpriu nenhum dos seus compromissos principais para com SV, como não cumpriu nenhum dos compromissos principais para a ilha. E não foi por causa da pandemia porque governou 4 anos em óptimas condições, sem pandemia e a propalar crescimento de 5%”, completa a presidente do PAICV.
Nesta noite de festa para os militantes tambarinas, o presidente da Comissão Política Regional denunciou o pagamento de dívidas e corrupção com a venda de terrenos. A cabeça-de-lista para a AM, Leila Barros, apesar de ser novata nestas andanças, fez um discurso galvanizador e apontou três razões que a levaram a aceitar o convite para integrar a lista: o seu amor por S. Vicente e ser esta uma oportunidade única para a servir; a convicção de que a ilha do Porto Grande é um lugar único para recriar a democracia enquanto barómetro de Cabo Verde e a confiança na equipa, que congrega várias forças com o único objectivo de catapultar a ilha. Já Albertino Graças voltou a levantar o véu sobre algumas das suas propostas para a CMSV, mas não muito porquanto, disse, a sua proposta para criar uma nova cidade em S. Vicente já foi copiada. Mas mostra-se optimista e confiante na vitória.
Antes da apresentação pública, JHA teve reuniões individuais com militantes, amigos e simpatizantes do PAICV. Para este sábado, tem agendado contactos com os munícipes, mais reuniões individuais e um encontro alargado com os órgão regionais do partido e convidados. No domingo, participa de uma carreata pelas artérias e arredores do Mindelo, com concentração às 9 horas na praia da Lajinha.