O Presidente da República admitiu a possibilidade de o aumento drástico da taxa de infeção da Covid-19 estar relacionado com o “progressivo relaxamento” das pessoas em relação as medidas sanitárias em vigor, a par da realização de vários eventos nas últimas semanas em Cabo Verde. Estes acontecimentos, na perspectiva de José Maria Neves, terão propiciado o ajuntamento de pessoas e a consequente disseminação do vírus.
Na sua declaração esta manhã ao país, o Chefe do Estado lembrou que a disseminação da doença está directamente ligada ao comportamento individual e colectivo e deixou claro que, se não houver uma rápida inversão do nível de infeção da Covid na sua mais recente mutação (Ómicron), o resultado pode ser catastrófico em toda a linha. “Se não agirmos de forma determinada e não adotarmos comportamentos adequados podemos comprometer todos os ganhos e justamente num momento em que tudo apontava para uma situação bastante animadora”, salientou José Maria Neves, que considera grave o quadro actual.
Segundo o PR, o Governo, em parceria com países amigos e instituições, já fez um enorme esforço para disponibilizar testes na fase inicial da pandemia e as vacinas na segunda etapa. Enfatiza que o processo de vacinação tem decorrido com sucesso e lembrou que as doses de reforço passaram a ser administradas a todas as pessoas maiores de 18 anos. Porém, a seu ver, todo este empenho pode ficar comprometido se não forem cerradas as fileiras do combate à pandemia, com a adesão às vacinas pelos resistentes.
“Chamo atenção para o seguinte: a comparação do número de infectados, casos graves, internamento e de óbitos registados no início da pandemia com os actuais mostram claramente a eficácia da campanha de vacinação. Não fossem as vacinas e seu efeito benéfico a situação seria hoje calamitosa”, salientou o Chefe de Estado.
Apesar dessas evidências, diz José Maria Neves, há pessoas que podiam estar vacinadas, mas que ainda resistem. A seu ver, essa gente anda a colocar em risco a sua própria saúde, a dos familiares e de pessoas mais próximas, sobretudo dos mais idosos. Para ele, esse grupo tem estado a contribuir para fragilizar a saúde pública e a minar os esforços colectivos, conseguidos muitas vezes com enormes sacrifícios dos profissionais da saúde e os de outras áreas, que estão na linha da frente do combate à pandemia.
Seguindo a linha das mensagens emanadas pelas autoridades sanitárias, Neves salientou que as pessoas vacinadas, se forem infectadas, normalmente não apresentam um quadro clínico grave e têm mais possibilidade de evitar o óbito. Daí ter incentivado os próprios adolescentes a colaborarem com a campanha de vacinação em curso.
Para o PR, os próprios poderes municipais precisam fazer um esforço maior no controlo da pandemia. Neves enfatizou que devem ter mais ponderação quando programam ou autorizam actividades que directa ou indirectamente podem provocar aglomeração. Para ele, as medidas sanitárias devem estar presentes em todos os momentos de decisão, ou seja, não podem ser desprezadas ou ignoradas. “Ou seja, todos devemos estar no modo antivírus.”
No final do seu discurso, J.M. Neves apelou as autoridades competentes para exercerem uma fiscalização mais rigorosa do cumprimento das normas sanitárias em vigor. Para ele, pior que a ausência de medidas, “o que não é o caso de Cabo Verde”, é o incumprimento das mesmas.