Foi um sucesso a operação de desencalhe das duas embarcações de pesca estrangeira que desde o dia 23 estavam sentadas na areia na praia do Lazareto, revelou na tarde de ontem, em conferência de imprensa, Manuel Vicente, vogal executivo do Instituto Marítimo e Portuário (IMP). A operação envolveu três rebocadores, incluindo um estrangeiro, e duas lanchas. A expectativa é de que o resultado do inquérito mandato instaurar pelo IMP, seja conhecido o mais rapidamente possível.
“É com muita satisfação e algum alívio que comunicamos o resultado das operações de desencalhe das duas embarcações de pesca que haviam encalhado no Lazareto no passado dia 23 de Julho. Foi uma operação que ocorreu em mais de 72 horas e foi um sucesso”, afirmou Manuel Vicente, destacando as parcerias da Enapor e da Polícia Marítima.
Este aproveitou para informar que foi já instaurado um inquérito preliminar para determinar as causas do incidente e tomar as medidas que se impõe para que haja mais segurança para os navios no porto. Questionado sobre a origem das embarcações, as dificuldades de comunicação e, principalmente, se há registo da sua entrada no país, Manuel Vicente limita-se a dizer que ambos têm bandeira da Guiné Conacri, conforme informações fornecidas pelo agente.
“A informação fornecida pela Agência Limage, que representa as duas embarcações, é de que ambas têm bandeira da Guiné Conacri. Mas é claro que há registo da entrada dos mesmos no país. Cabe a equipa que irá fazer o inquérito preliminar apurar, realmente, qual a sua nacionalidade. O certo é que estão registados como sendo de bandeira de Conacri. Mas vamos averiguar tudo isso”, afirmou, deixando claro que o IMP faz fé nas informações do agente, mas os inspectores recolherão os documentos para confirmar os registos das duas embarcações.
Importa referir que, durante a operação de desencalhe dos navios, os cabos que prendiam os navios romperam pelo menos três vezes, o que levou os jornalistas a questionar se isto terá contribuído para a demora e também se interpela o país em termos de equipamentos, este vogal do IMP explica que é normal os cabos se partirem em operações desta natureza. “Estávamos numa situação de fazer o reboque de uma embarcação que estava totalmente assente no fundo. Por causa disso, o atrito era enorme. Não se pode, a priori, prever qual seria o comportamento dos cabos”, frisa.
Manuel Vicente admite, por outro lado, possibilidade de fragilidades em alguns pontos dos cabos, que eram longos, e também devido ao tempo de armazenamento. Este último, afirma, pode criar alguma deterioração, o que facilitaria o seu rompimento em momentos de tensão. Mais tranquilo estava, no entanto, em relação as questões ambientais.
De acordo com este membro da direção do IMP, não houve nenhuma situação de derrame de combustíveis resultante do encalhe. “A nossa preocupação, a todo momento, era saber se estava a entrar água nas embarcações, através do fundo. Este é um indicador importante ao se desencalhar um navio. As comunicações que recebemos da tripulação é de que não houve derrame”, informa, ainda que admite que, em relação ao primeiro navio desencalhado, foi reportada uma entrada insignificante de água do mar por onde passa o leme, sem consequência.
Quanto à segunda embarcação, não houve registo de entrada de água e nem de interação dos tanques para o mar, o que indiciaria passagem de combustível. Curiosamente, apesar das mais de 72 horas de operações, o IMP desconhece quantos tripulantes estavam nas duas embarcações. “Podemos dizer apenas que as embarcações estavam com as suas tripulações. Agora, o numero de tripulantes não podemos precisar.”
Estiveram envolvidas no resgate um rebocador privado, os rebocadores nacionais Cabo Verde e Palmeira, a lancha Ponta de Nho Martinho da Guarda Costeira e o Matiota. A operação contou ainda com apoio de um navio da mesma companhia das embarcações encalhadas.
Constânça de Pina