O inspector Bruno Ferreira mostrou-se perplexo com a decisão do sindicato Siacsa de apoiar uma concentração dos associados em frente às delegações da Inspeção-Geral do Trabalho e da Direcao-Geral do Trabalho para exigir mais celeridade no tratamento das queixas dos trabalhadores em S. Vicente. Segundo Ferreira, o delegado do Siacsa, Heidi Ganeto, foi recebido no dia anterior pela IGT e, para seu espanto, anunciou a manifestação na imprensa.
“Esteve cá no dia anterior a tratar de um processo, não ouviu aquilo que estava à espera e tomou essa decisão. Quer a legalidade, mas à sua maneira”, diz o delegado da IGT na cidade do Mindelo, adiantando que se tratava de um processo em que aquilo que os trabalhadores reclamavam não correspondia à realidade.
Para Bruno Ferreira, o referido sindicato está apenas à procura de protagonismo, a tentar mostrar serviço. Argumenta que a IGT tem feito um trabalho meritório com os cinco inspectores disponíveis para as ilhas de S. Vicente, Santo Antão e S. Nicolau, tendo recebido este ano 17 pedidos de intervenção enviados pelo Siacsa. Concluiu 13 e dois aguardam conclusão de acordos entre as entidades empregadoras e os trabalhadores. Entretanto, adianta, outros 3 processos deram entrada agora em outubro.
São situações que envolvem empresas como a Frescomar, Silmac, Seri Lopes, etc., e que, realça Ferreira, empregam muita gente. Em média, diz Ferreira, um caso laboral não dura mais de dois meses para ser resolvido pela Inspeção-Geral do Trabalho. Isto quando os inspectores têm outros afazeres, como inspeções às empresas, consultas de esclarecimento e processos de contraordenação. “Muitas vezes trabalham em vários casos ao mesmo tempo. Seria interessante o sindicato Siacsa acompanhar o quotidiano de um inspector para conhecer a nossa realidade”, diz Bruno Ferreira.
Se houver a concentração anunciada pelo Siacsa, a IGT não vai deixar ser abatida por esse acontecimento. Bruno Ferreira assegura que a instituição vai continuar o seu trabalho. Para ele, no entanto, não deixa de ser estranho o comportamento isolado desse sindicato, quando há outras representações sindicais em S. Vicente que respeitam o trabalho desenvolvido pela IGT. Por isso pede uma postura mais honesta do Siacsa, enfatizando que nunca a Inspeção-Geral do Trabalho teve tantas condições em S. Vicente, como viaturas e um espaço condigno situado em Monte Sossego.
O Siacsa, refira-se, convocou a imprensa no Mindelo para manifestar a sua preocupação com o “quadro laboral precário” existente em diversas empresas e instituições da ilha de S. Vicente – nomeadamente na Frescomar, ICCO, Atunlo, Câmara Municipal – e que, diz, vem se agravando com as sucessivas violações dos direitos dos trabalhadores, perante a lentidão de resposta da Direcção-Geral do Trabalho (DGT) e da Inspecção-Geral do Trabalho (IGT). Para tentar reverter esta situação, o Siacsa decidiu apoiar uma manifestação pública à frente destas duas instituições públicas, segundo o seu representante Heidi Ganeto.