Um grupo da sociedade civil, constituído por familiares e amigos de Amadeu Oliveira, abraçados pelo Partido Popular, convocou a imprensa na cidade da Praia para apresentar a programação para um “sábado de luta” em prol de mais e melhor justiça em Cabo Verde. Segundo Filomeno Rodrigues, que se fez acompanhar de Amândio Barbosa Vicente e Maria da Luz Oliveira, a ideia da manifestação foi lançada pelo movimento cívico Sokols 2017, mas resolveram acatar o apelo porque em causa está a defesa da justiça feita em nome e para o povo.
Assim, o despertar será as 6 horas com uma sessão de “Tae Bo”, com participação de cerca de 100 mulheres, que também decidiram abraçar esta causa. As 10 horas, um grupo de motards vai percorrer a ilha de Santiago levando apelos para mais justiça. No mesmo horário, o pedonal de Achada de Santo António acolherá uma exposição alusiva ao tema Justiça. “As 15 horas teremos um almoço em Achada St António e logo de seguida partiremos em manifestação até ao Palácio da Assembleia Nacional. Isto porque entendemos que o Parlamento é onde estão os deputados eleitos pelo povo, que entretanto estão a conspurcar a missão que lhes foi atribuido, pelo menos no quesito justiça.”
O objectivo é que os deputados ousam o povo e promulgam leis que conduzem ao melhoramento e a reforma da justiça, frisou Rodrigues, que aproveitou para elencar um conjunto de factos exemplo de injustiça. Neste sentido, a participação na manifestação de um grupo de crianças que vai exigindo que a justiça lhes dê garantias de que seus direitos serão salvaguardados. “Teremos familiares de crianças desaparecidas e que a justiça ainda não deu uma resposta. Aliás, sequer os informa dos tramites seguidos. Familiares de mulheres assassinadas, sem que a justiça dê uma resposta célere e justa”, detalha, apontando ainda outros casos de pessoas a reclamar celeridade e justeza da justiça.
Instado a precisar como relacionar estes factos com Amadeu Oliveira, que se encontra detido em São Vicente, o porta-voz desta organização da sociedade civil alegou que este é um ícone e patrono desta luta por uma justiça melhor em Cabo Verde. “O Amadeu ousou, com toda a sua coragem, denunciar alguns atropelos que vêm acontecendo de forma sistemática dentro da justiça. Infelizmente, os outros órgãos do poder judicial estão imbuídos de um espírito de corporativismo e de secretismo. Amadeu Oliveira ousou dar voz ao povo”, justifica.
Relativamento ao impacto desta acção, Rodrigues destacou, desde logo, a colaboração da Comunicação Social que, afirma, vai ser um veiculo de transmissão do seus propósito. Paralelamente, referiu que estão a trabalhar nas redes sociais e a levar a sua mensagem nos contactos directos, na expectativa da presença massiva na manifestação. “Queremos uma reforma porque a nossa justiça está podre. A justiça cabo-verdiana está infestada de pessoas do mal a vários níveis. Temos bandidos e criminosos tanto na nossa polícia científica, como no Ministério Público e no Poder Judiciário”, constata, realçando que é preciso uma reforma profunda para que a justiça seja justa.
Termina dizendo que em Cabo Verde há, por um lado, politização da justiça e, por outro, judicialização do Governo, para insatisfação do povo.